*Rangel Alves da Costa
O frondoso cajueiro não existe mais, mas o arruado Cajueiro persistiu homenageando seu nome. Suas ribeiras altas, descendo em direção ao Velho Chico, acabam molhadas pelas águas serenas e azuladas, qual verdadeira piscina num leito que escorre de muito distante. Por toda a margem ribeirinha de Poço Redondo, certamente que Cajueiro possui o melhor banho, ainda que seu espaço não seja grande como o de Curralinho, por exemplo. Os bares são muitos, as comidas também, mas sempre o peixe sobressaindo. Do outro lado, avista-se Entremontes, povoado pertencente a Piranhas, nas Alagoas. Mas Cajueiro permanece viva pela força atrativa do rio, principalmente por suas águas convidativas. A povoação em si, em suas poucas ruas, já não mais abriga a largueza familiar de antigamente. Muitos moradores se bandearam para a cidade, para os assentamentos ou outros destinos. Grande parte das casas foi comprada por turistas, e estas transformadas em suntuosos aconchegos de fim de semana. Apenas umas poucas famílias e pessoas ali enraizadas permaneceram bebendo da seiva das memórias tantas. Lugar de grandeza histórica, de renomadas famílias sertanejas e ribeirinhas, de grandes coiteiros nos tempos cangaceiros (principalmente os da família Félix), de políticos e desbravadores do mundo. Mais adiante, nas entranhas de suas serras, fica a famosa Gruta do Angico, local onde o cangaço foi enterrado em 38. E no casarão abandonado do coiteiro Adauto Félix, sobressaindo-se em relegada beleza numa parte mais elevada do povoado, até hoje acontece coisas de arrepiar. Segundo dizem, de vez em quando as sombras de Lampião são avistadas por ali.
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