*Rangel Alves da Costa
O Brasil é, infelizmente, o País do errado,
do torto, do absurdo, do atravessado, do incompreensível. Mas é também a pátria
do injusto, do desleal, do corrompido, da ilicitude, da safadeza.
Nada – ou quase nada – está certo no Brasil.
Uma nação que parece primar pelo censurável e imoral, pela covardia criminosa e
pela vanglória de ter poderes lamacentos e políticos desonestos.
Culpa de quem? Culpa de quem ainda se
fanatiza por política, faz do partidarismo uma paixão doentia, endeusa o ladrão
e aplaude o tirano e o genocida. Culpa de quem se deixa enganar, ainda que o
punhal esteja lhe sangrando inteiro.
Mas não somente o eleitor está errado, pois
mais errado ainda o eleito que desvirtua de seus compromissos. Mas seria querer
demais acreditar num político, não é mesmo? Lança candidatura com ares e
promessas de seriedade, de honestidade e moralismo, mas depois com porcos se
mistura. E dá no que dá.
Tá tudo errado. Um governante que só pensa em
matar, em dar golpe, em propagar o medo e a perseguição, e ainda possuir um
bando de loucos apaixonados lhe aplaudindo, só mesmo no país do tudo errado.
Justiça, a desonra é o teu nome. A justiça do
injusto é ilegal e desleal. Para que a elaboração de lei, a tipificação das
condutas nos códigos, se nada tem valia perante o julgador político e
acovardado?
Não deveria existir julgamento político. O
judiciário deve agir em obediência à lei e não querer de um ou outro julgador. Todo
julgamento deveria ser pautado na letra da lei, do que se ajusta ou não como
crime, infração ou ilicitude, e não pelo livre convencimento do julgador.
Qual livre convencimento pode ter um julgador
escolhido pelo mandatário ou governante? Ora, se ele foi alçado ao poder pelo
poder, então ao poder continuará devendo obediência. Quer dizer a lei, a lei
passa estar no poder governante e não nos códigos, nas normas, nos decretos.
Um exemplo de uma aberração costumeira no
judiciário. O processo chega ao conhecimento de determinada turma com muita
antecedência do julgamento. Mas na hora de decidir um julgador pede vista, sob
alegação de que precisa conhecer melhor os autos. O que isso significa?
Significa esperteza, safadeza, meio de
obtenção de valores indevidos. Ora, se um julgamento está empatado e um dos
togados pede vista, quanto seu voto passará a valer? E sem falar que os demais
julgadores podem mudar o seu voto após o retorno dos autos.
Por essas e outras, a assertiva de que o
Brasil não é um País sério possui sua razão. Um País que para assistir um Big
Brother jamais pode ser tido como sério. Um País onde o crime compensa e as
rachadinhas continuam enriquecendo muita gente, logicamente não pode ser visto
com seriedade.
Basta observar a qualidade da música que vem
surgindo. Porcaria e mais porcaria. Basta observar o que acontece no sistema
prisional e o que acontece no sistema de Brasília. Os verdadeiros ladrões,
criminosos de gravata, afundando o País pela roubalheira, enquanto negros e
pobres são esquecidos nas jaulas dos absurdos.
Tá tudo errado. A morte se tornou estatística
e a dor em verdadeiro escárnio. O governo dá esmola não pensando em ajudar a
população mais carente, mas apenas pensando em voto. Um litro de gasolina a
milhões e ninguém tem culpa. Um botijão de gás a milhões e ninguém tem culpa.
Tá tudo errado.
Escritor
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