SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sábado, 5 de março de 2022

Palavra Solta – saudade de minha terra


Rangel Alves da Costa*

 

Basta um fim de semana sem Poço Redondo, sem o meu sertão sergipano, e é como a velha canção sertaneja ficasse o tempo inteiro ecoando dentro de mim: “De que me adiante viver na cidade se a felicidade não me acompanhar... Lá pro meu sertão eu quero voltar...”. Quanta falta me faz os caminhos de chão, as estradas ladeadas por xiquexiques e mandacarus, as porteiras rangendo para as visitas e os proseados. Casas, casinhas, casebres, tudo diante do meu passo e do meu olhar. Moradias de varanda boa e também moradas de barro e cipó. Curral antigo cheirando a estrume, velho umbuzeiro na malhada adiante. A sonolência de um carro-de-bois já sem uso e um menino brincando com ponta de vaca. Sua fazenda, a riqueza de sua infância sertaneja! Uma porta se abre, da janela entreaberta vai surgindo um olhar. E então estendo a mão para o conterrâneo de sol e de lua. Andejar sem pressa, sentar em tamborete, guardar na memória as histórias contadas. Guardar no embornal um sertão inteiro e depois escrever sobre o mundo que há. E agora mesmo, distante de minha terra e neste amanhecer chuvoso de sábado na capital, a velha canção novamente chega para inundar os olhos e o coração: “De que me adiante viver na cidade se a felicidade não me acompanhar... Lá pro meu sertão eu quero voltar...”.



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