Rangel Alves da Costa*
Basta um fim de semana sem Poço
Redondo, sem o meu sertão sergipano, e é como a velha canção sertaneja ficasse
o tempo inteiro ecoando dentro de mim: “De que me adiante viver na cidade se a
felicidade não me acompanhar... Lá pro meu sertão eu quero voltar...”. Quanta
falta me faz os caminhos de chão, as estradas ladeadas por xiquexiques e
mandacarus, as porteiras rangendo para as visitas e os proseados. Casas,
casinhas, casebres, tudo diante do meu passo e do meu olhar. Moradias de
varanda boa e também moradas de barro e cipó. Curral antigo cheirando a
estrume, velho umbuzeiro na malhada adiante. A sonolência de um carro-de-bois
já sem uso e um menino brincando com ponta de vaca. Sua fazenda, a riqueza de
sua infância sertaneja! Uma porta se abre, da janela entreaberta vai surgindo
um olhar. E então estendo a mão para o conterrâneo de sol e de lua. Andejar sem
pressa, sentar em tamborete, guardar na memória as histórias contadas. Guardar
no embornal um sertão inteiro e depois escrever sobre o mundo que há. E agora
mesmo, distante de minha terra e neste amanhecer chuvoso de sábado na capital,
a velha canção novamente chega para inundar os olhos e o coração: “De que me
adiante viver na cidade se a felicidade não me acompanhar... Lá pro meu sertão
eu quero voltar...”.
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