PERGUNTAS E RESPOSTAS
Rangel Alves da Costa*
Ainda que por sentimentalismos ou tentativa de negar realidades algumas respostas doam em determinadas pessoas, não há como deixar de dá-las, vez que expressando toda a realidade dos fenômenos da vida. Assim, teríamos:
O que é o amor? Nada mais do que uma ilusão que se instala nas pessoas, por conveniência, em determinadas ocasiões e para determinados fins. Tanto é assim que não há amor absoluto, mas apenas amor demais, tão frágil quanto qualquer desamor.
O que é a vida? Um ponto entre duas distâncias, entre o nascer e o morrer. A pessoa que vive está sempre posicionada na parte extrema da morte, e daí, dependendo do que pretenda para si, vai puxando o seu corpo mais lenta ou apressadamente. Os que não querem chegar a esse ponto rapidamente procuram viver em paz, com harmonia e em busca da felicidade.
O que é a morte? A concretização do que já somos desde que nascemos. Ao nascer, o indivíduo começa logo a perder parte de sua estrutura física e biológica, que aos poucos vai se deteriorando ainda mais, até que chega num estágio de imprestabilidade. Quando isso acontece o corpo já estava praticamente morto, restando apenas a ideia de se estar vivendo.
O que é a paz? Apenas os instantes distantes da dor, da tristeza, do medo, da aflição, da angústia. Como conceitualmente não há como se definir a paz, vez que esse estado de espírito depende de circunstâncias aleatórias, deve-se sempre imaginar a paz como instantes de sossego e distanciamento de momentos difíceis.
O que é a dor? A aceitação do sofrimento, e nada mais do que isso. Um espinho pode furar o pé e a pessoa só sente a dor se quiser; uma relação conjugal desfeita só vai causar dor naquela pessoa que queira sofrer; uma tristeza só causa dor se a pessoa for buscar no baú das recordações motivos que ressurjam como situações dolorosas. Assim a dor só é sentida na pessoa que deseja sofrer, pois de sorriso no rosto se caminha por cima de brasas ou adormece tranquilamente numa cama de espinhos.
O que é a solidão? A pessoa vivendo em seu verdadeiro mundo, para o que nasceu e como deveria ser. Diferentemente de se imaginar que a solidão pressupõe um distanciamento da realidade circundante, esta deve ser entendida como a pessoa vivendo dentro do seu verdadeiro mundo e universo. Verdade é que ninguém nasceu para estar dividindo espaço com ninguém, se batendo nos outros, tendo preocupações pelo que os outros fazem. Tudo isso é anormal na vida, vez que o indivíduo nasceu com a capacidade de viver bem sem precisar dividir sua vida e trazer desse convívio ódios e preocupações.
O que é a lágrima? A substância líquida e corrosiva das pessoas que se acham de ferro. De tão pura, singela e verdadeira que é, a lágrima vai surgindo na face sem espantar nem amedrontar, até que o coração sinta o verdadeiro motivo do seu surgimento e se retorça todo, igual a ferro velho tomado de acidez.
O que é você? Tudo consigo mesmo, nada ou quase nada para os outros. Ou a pessoa entende que é tudo pra si mesma, que só tem uma vida, que é quem deve preservá-la e mantê-la pelo melhor caminho, ou não será realmente nada, pois não adianta esperar que os outros se dividam neles e em você ou que deixem de ser elas completamente para completarem a parte que você não é capaz de si dar.
O que é o outro? O que queremos ser ou não ser. Como um espelho que está sempre à frente, o outro é olhado como desejo de imitação ou com o mais frio desprezo. Não se cansa de mirar aquele que encontra qualidades no outro, não se cansa de evitar olhar aquele que não reconhece a presença nem deseja mais avistá-lo.
O que é Deus? O único desconhecido a quem entregamos nossas vidas, suplicamos por sua ajuda, confiamos na sua presença em todos os momentos e imaginamos a sua bondosa face como sendo algo assim como o sol, a lua, o universo, a montanha, o horizonte, a aldeia, as águas que correm, a revoada, o dia, o outro dia, e sempre e tudo...
Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com
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