Do que sei
Cai mais lágrima
do que chuvisco
tudo isso sei
divide pão e água
com boi e passarinho
tudo isso sei
falta gás no candeeiro
a saia de chita rasgou
tudo isso sei
a enxada quebrou
a fonte já esturricou
pisa em espinho
de pés descalço
e nem dói nem nada
tudo isso sei
e sei e não sofro
não sofro nunca mais
desde que o sertão
me chamou de filho
e lhe dei a benção
e jurei ser forte
não sofro nunca mais
a não ser um dia
quando o barraco cair
e o sol adormecer
a filharada na agonia
aí já nada me satisfaz
aí vou sofrer demais.
Rangel Alves da Costa
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