Meus irmãos
Minha irmã pegava
agulha e novelo de lã
e na luz da lua bordava
uma toalha de nuvem
depois estendia na vida
e caminhava voando
sonhando ser menos sofrida
meu irmão laçava
a manhã e tanta coragem
prendia tudo num tronco
pra nada fugir da mão
e ainda corria atrás de mais
de uma vida sem solidão
meus pais viam tudo
da cadeira defronte à janela
reinavam com a nuvem
bordada da minha irmã
pilheriavam com o tronco
de sonhos do meu irmão
e depois chamavam os dois
pra dizer que só vinga
aquilo que é construído
com o suor ardente do rosto
e a semente espalhada na terra
mas meus irmãos continuavam
tecendo bordados nas nuvens
e catando sonhos no chão...
Rangel Alves da Costa
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