SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



segunda-feira, 7 de novembro de 2011

JOSÉ JAIME MENDONÇA DE OLIVEIRA: A ESCOLHA E A VIDA (Crônica)

JOSÉ JAIME MENDONÇA DE OLIVEIRA: A ESCOLHA E A VIDA

                                         Rangel Alves da Costa*


Cidadão nascido pelas bandas de cá, na capital sergipana, José Jaime Mendonça de Oliveira é de família renomada, consangüíneo dos Paes Mendonça. Engenheiro Agrônomo por formação, na leva do seu destino profissional, e talvez por sina maior, um dia foi parar em Poço Redondo.
Conheci Jaime exercendo sua missão profissional no sertão senhor de todas as secas e estiagens. Fui, talvez, o amigo que maior aproximação passou a ter com ele nos seus primeiros tempos de lugar. Era época do Projeto Sertanejo.
Inicialmente morou na Praça da Matriz, numa casa alugada, pertencente à minha tia Izabel Marques. Sempre ali para um bate-papo, uma conversa descontraída, então conheci uma faceta de Jaime que o acompanharia até o presente: a praticidade na solução dos problemas.
Tendo perdido um dos braços em acidente, jamais o vi reclamar que a falta daquele membro lhe trouxesse qualquer problema. Pelo contrário, sempre agiu como se nada daquilo houvesse acontecido, sendo capaz de fazer com um só braço o que muita gente não faz com os dois.
Digo isso porque certa vez fiquei impressionado com uma atitude de Jaime. Morando sozinho, colocou manteiga numa estaladeira, deixou esquentar e depois espalhou ovos por cima. E o que vi: pegar a panela e fazer com o que os ovos fizessem um rápido voo e depois girassem no ar, caindo em seguida no outro lado. Desse modo artesanal, estava visível seu jeito habilidoso de ser.
Foi a prova maior para saber que aquela pessoa seria capaz de tudo. E o tempo provou que eu não estava apenas impressionado. E desse momento em diante, no seu jeito próprio de fazer as coisas, lutando arduamente, foi construindo sua permanência no lugar até que encontrou motivos para não sair mais de lá.
Eis que o cidadão poçoredondense, com título outorgado pela Câmara de Vereadores, num dia em que o sol ardente deixou enxergar adiante sem ferir o olhar, encontrou diante de si aquela que logo se mostrou ser a mulher ideal.
Responde pelo nome de Erivalda Emerêncio a bela jovem que fez o coração de Jaime despertar para a certeza que o amor existe. Mocinha de família simples, meiga, de extremada beleza, fez com que Jaime quisesse visitar minha casa mais que o normal. Ora, Erivalda praticamente morava com a gente, e sendo amigo dele, o mesmo não perdia uma oportunidade de ir cortejar a doce flor sertaneja.
Veio o casamento e foi surgindo a bela prole. Três filhas lindas, a adolescente Marina e ainda Luana e Sofia, estas seguindo o mundo advocatício por escolha própria, enquanto seus pais, com residência de sempre, exercem a atividade comercial com grande profissionalismo e sucesso. Dessa vez sob a responsabilidade de Erivalda, que possui aptidão nata para o mundo dos negócios.
Contudo, o que realmente pretendo expressar aqui vai muito além destes aspectos pessoais de Jaime. Creio, com toda sinceridade, que a escolha de Jaime em permanecer em Poço Redondo, construir família e se tornar verdadeiro filho do lugar, foi atitude que representou extrema conquista para o município.
Ora, o ato de permanecer e abraçar aquele chão como filho preocupado com seus destinos, possui um significado que muitos ainda não perceberam. Em primeiro lugar, e acima de tudo, uma incomparável inteligência permaneceu a serviço da terra; em segundo lugar, a inteligência buscando meios de desenvolvimento. Basta ver que o seu comércio é o maior da cidade e o que mais emprega.
Por outro lado, até diria que alguns não toleram o seu jeito de ser, o seu comportamento político, as alianças que tece, as poucas amizades verdadeiras que mantém. E eis aí o segredo do homem, pois Jaime não deveria ser a linha que serve à agulha, mas o próprio instrumento de construção de um novo Poço Redondo.
Não estou aqui politicando em nome do amigo nem lançando sua candidatura a nada. Estou apenas dizendo - e afirmo isto com a maior convicção - que Poço Redondo precisa perceber a vocação daqueles que são capazes, através da inteligência e do conhecimento dos seus problemas, de dar um novo rumo à sua história, que infelizmente está sendo apagada.
Jaime não é candidato, mas se o fosse representaria, a um só tempo, a seriedade e o compromisso com grandes mudanças; Jaime não é candidato, mas se o fosse seria o melhor, e simplesmente porque não teria a função como emprego e faria do seu mandado apenas um exercício de construção e de trabalho; Jaime não é candidato, mas se o fosse seria invocando uma postura profissional na gestão pública, pois sabe muito bem que uma administração municipal não pertence a grupos ou a facções.
Talvez as pessoas de Poço Redondo precisassem conhecer melhor José Jaime Mendonça de Oliveira. Aqueles que têm o prazer do convívio ou da amizade sabem muito bem que por trás daquele jeito técnico de ser mora uma pessoa que corresponde o afeto com a simplicidade encorajadora dos grandes homens. Pois é isso que ele é, um grande homem.




Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com 

2 comentários:

Josett disse...

Rangel, fiquei feliz ao lêr a crônica sobre o Jaime Mendonça Oliveira foi um presente para mim e todos os seus familiares pois você como amigo e convivendo com ele conseguiu captar a sua essência. Você só não citou que ele é muito feliz e realizado por morar em Poço Redondo. Sou sua irmã, amo-o muito e ele é um bom filho, irmão, marido e um extremoso pai.
Maria Josett Mendonça Oliveira

Luana disse...

Rangel, ficamos extremamente gratas pela bela cônica que descreveu a trajetória de nosso PAI. Jamais imaginaríamos que alguém, além das filhas e esposa, pudesse reconhecer o grande homem que é hoje.
Nenhuma palavra seria capaz de expressar a admiração que sentimos.
Sofia, Luana e Marina