SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



quinta-feira, 21 de março de 2019

Palavra Solta - rasgando cadernos



*Rangel Alves da Costa


Tempos, tempos! Um jardim outonal sem flores. Um jarro de plástico com pétalas empoeiradas. Uma moringa d’água na janela. A porta aberta. O vento soprando. Mas eu não estou em casa. Espalho-me ao espanto das horas! Oh sina a do pensamento, a da memória, da recordação. Caminhar pelos arredores murchos, conversar com restos de tocos, afagar o umbro amigo da pedra, procurar o velho banco amadeirado para sentar e nada mais encontrar. Cupim dos tempos, poeira dos anos, pó da vida! Quem dera um canto de passarinho ou ao menos uma folha seca voejando pelos espaços. Meu lenço molhado foi deixado no varal. Molho minhas mãos com o que me resta de lágrimas e depois resolvo sorrir. E sorrio muito. E sorrio mais. Mas os ocultos que me avistam dizem que apenas choro. Não sei. Já não sei os limites do sorriso e da alegria. Talvez eu esteja chorando mesmo. Não sei.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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