*Rangel Alves da Costa
Sempre vivo sozinho, nem sempre tive quem
lavasse minhas roupas, varresse o meu chão, pregasse meus botões, costurasse
minhas roupas rasgadas ou descosturadas, forrasse minha cama, guardasse minha
rede, fizesse minha comida. Tudo isso eu faço sozinho, e sem qualquer receio,
vergonha ou por medo de maldosas insinuações. Ora, se preciso viver, então
preciso cuidar de minha vida, de me prover do que preciso e ter aquilo que
desejo ter na hora que precisa. Sim, eu bem que poderia pagar a alguém pra
lavar, passar, cuidar do básico de uma casa. Mas não, se eu posso fazer, então
faço. Sou solteiro, nem sempre tenho companheira ao lado, deixo o meu relógio
ao sabor do tempo, e vou fazendo o que posso fazer para o meu bem viver.
Ademais - e como diz o ditado -, não vai cair a mão se eu fizer serviço
doméstico, principalmente quando o doméstico me diz respeito. E assim também
faria se tivesse esposa ou convivesse com alguém. Mulher não é empregada do
esposo nem obrigada a lhe servir em tudo. Nada demais varrer uma casa, lavar
panelas e pratos, estender roupas no varal, dividir tarefas. Mas como dito, sendo
solteiro, vivendo sozinho, nunca deixo pra depois o que tenho de fazer para o
meu próprio bem-estar. Sou advogado, jornalista, historiador, escritor. Mas
também sou aquele que prega seus botões, que varre sua casa, que lava e passa
sua roupa...
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