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sábado, 29 de dezembro de 2018

Palavra Solta – “É uma ciumeira atrás da outra...”



*Rangel Alves da Costa


Existe exclusividade no amor? Existe a possibilidade de dedicação amorosa única? O mundo moderno cada vez mais responde pelo desacerto. As traições pontuam descarada e deslavadamente. Poucos são aqueles que ainda se imaginam seguros nas suas relações amorosas, convívios e até uniões conjugais. De repente e a notícia surge, e quando já será tarde demais. No amor, a traição nunca encontra desculpa suficiente. Na relação, a traição não se justifica sob hipótese alguma. Tudo não passa de safadeza mesmo, de falta de caráter e de honestidade para com o outro. Em casos tais – mesmo que seja muito difícil domar a propensão libertina e desonesta do outro, o ciúme surge senão como remédio, mas como um antídoto de precaução. Basta o fato do ciúme para que o desonesto não se sinta totalmente livre para trair. O ciúme é desconfiado, é melindroso, sabe muito bem que onde há fumaça pode haver fogo.  Mas deve ser assim mesmo. Ciúme é para ser sentido mesmo, e no sentido de preservação, de apossamento, de ter como seu e para si o objeto desejado, querido ou amado. Verdade que ninguém quer dividir a pessoa amada com ninguém, ainda que já tenha se apossado da pessoa de outro alguém. Uma vez imaginado como parte integrante daquela vida, certamente que tudo fará para atrair somente para si aquela pessoa. E sem o ciúme não existiria sequer o amor. Quem ama cuida, preserva e quer conservar a tudo custo, fica sempre de olhos bem abertos às ameaças e aos perigos, ou mesmo apenas não deixar que o outro caia em tentações. Por isso mesmo que é uma ciumeira atrás da outra. Ciúme da pessoa sem razão alguma para ciumar, ciúme da fiel para com a amante e da amante para com aquela que já era dona. Ou, como diz a canção a todo instante: “É uma ciumeira atrás da outra, ter que dividir seu corpo e a sua boca...”.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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