Álbum de parede
Hoje nua parede
desse lado tenho sede
bebo do meu olhar
esse triste recordar
visão que ainda trago
na ternura e afago
ainda vendo distante
o que nunca é bastante
nunca basta só lembrar
do retrato a me olhar
do retrato pendurado
do parente tão amado
ali minha tia feliz
na face lindo matiz
uma mãe toda contente
minha e de toda gente
senhor de chapéu panamá
esse velho onde andará
sumiu no amarelo do tempo
na vida e seu contratempo
tanta alegria do irmão
o meu olhar de perdão
uma família retratada
um tempo e sua estrada
sem sequer imaginar
que tudo ia apagar
não a fotografia de um dia
mas no peito a alegria
e no coração tanta dor
um filme que revelou
que já fui
e já não sou.
Rangel Alves da Costa
Nenhum comentário:
Postar um comentário