Retorno ao lar
Ele chegou puxando o animal
o jegue carregando dois caçuás
colocou toda rapadura num canto
no outro as pencas de banana verdosa
deixou a sede na água de moringa
garantiu a sede no gole de aguardente
acendeu um cigarro de palha
botou o chapéu num rasgo da cumeeira
arriou o embornal por cima da madeira
jogou o pesado alforje na terra batida
olhou se a bacia estava cheia de água
deitou o rosto suarento dentro dela
esfregou tanto sol e tanto calor
que o rosto pareceu lua minguante
lanhado e marcado de pontas de paus
marcado no sinal enrugado do tempo
triste demais numa feição agradecida
era a sina do homem valente na vida
passar esses dias sem ver a família
e ao retornar lembrar que nada existe
não existe nem mulher nem filhos
senão a solidão do seu ser tão sozinho.
Rangel Alves da Costa
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