SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



quarta-feira, 27 de março de 2013

AS PROFECIAS DE NOSTROPOVO (Crônica)


Rangel Alves da Costa*


Será que povo tem a capacidade de vidência, pode adivinhar o futuro, possui o dom profético de predizer vindouros acontecimentos? Ao se admitir, não será exagero afirmar que as profecias do povo possuem mais força que todas as Centúrias nascidas de Nostradamus.
Do contrário, ao não se confirmar, será forçoso dizer que estes adivinhos do mundo novo dependem da sorte e do acaso nas suas ações para almejar alguma significativa ocorrência futura. E por isso mesmo continuam sempre tentando que algo realmente proveitoso possa acontecer nas trilhas dos seus destinos.
Contudo, não seria errôneo asseverar que o povo está mais para aprendiz de adivinho, mero iniciante nos meandros da profecia, do que mesmo possuidor da capacidade de antever acontecimentos. E olhe que tem poderes suficientes para, sobre determinados aspectos da vida, até impor o que possa acontecer.
Na política, na vida em sociedade, nos relacionamentos pessoais e com os poderes, dentre outros aspectos, certamente que pode, a qualquer tempo, profetizar como tudo será no futuro. Basta que a ação de agora tenha a força suficiente para interferir nos destinos e proporcionar a feição desejada de amanhã. E não é um bicho de sete cabeças.
A força e o poder do voto, com suas escolhas e consequências, servem muito bem como demonstração preliminar dessa força profetizadora existente no povo. Não precisa ser bruxo, mago, vidente, profeta ou adivinho para saber que nada de bom poderá se esperar após uma má escolha. As pedras jogadas não apontarão melhor sorte futura se as mesmas já estiverem maculadas pela imprestabilidade.
Ponderar na hora da escolha, colocar na balança as virtudes dos candidatos, não fazer da paixão partidária a única opção ou não cegar diante dos favorecimentos escusos que vão surgindo, já servirá como um grande passo para não sofrer grandes arrependimentos posteriores. Dessa forma, ainda que o amanhã não possa ser moldado agora, ao menos não surgirá tão distorcido e aterrador diante da omissão.
Como afirmado, há, pois, como predizer o futuro político a partir da escolha de candidatos. Aquele cujo histórico depõe contra toda sorte, dificilmente agirá diferente. É aquela história do pau que nasce torto. Assim, não se deve esperar nenhuma mudança ou transformação naquele costumeiramente atrelado a práticas escusas, a envolvimento em esquemas de corrupção, a ter o seu nome envolvido em escândalos de toda ordem.
Contudo, não precisa ser ficha-suja para ser imprestável enquanto possível candidato (acaso as liminares e decisões esdrúxulas permitam) ou que seu currículo seja reconhecidamente enlameado. Outros fatores devem ser considerados. Aquele que nada faz também nada produz, não progride, não inova, não transforma. Não serve nem à política nem como político. A inoperância é inimiga da transformação; o inerte não justifica a confiança do povo.
Desse modo, ao não dar oportunidade a candidato com tais características, o povo já estará prevendo o que deseja futuramente. Por outro lado, dono do voto, da própria sorte e do destino político, tendo às mãos o poder de escolha, estará maldizendo o próprio futuro acaso insista no erro, ou desacerto perante a realidade tão conhecida. E em situações assim não precisa nem fajuta adivinhação. Será de pior a pior.
Assim, na política, as previsões não dependem do futuro em si, mas do momento, da hora de escolher aqueles que mais tarde possam trazer benefícios ou simplesmente tomar assento na cadeira da corrupção ou da apatia. Ainda que a luta seja titânica para fugir das influências e das ofertas, o que se vislumbra é a capacidade que cada um possui de escolher o melhor para o seu amanhã.
Mas não só na política o ser humano poderá fazer previsões. Em quase todos os quadrantes da vida existe tal possibilidade. Optar pelo caminho das drogas é certeza de encontrar labirintos tenebrosos; acostumar a ilicitudes é semear condenações; fazer da existência um palco de experiências ilimitadas é ter convicção que um dia a corda arrebentará.
Por outro lado, em cada um também poder estar o grande e verdadeiro profeta. E o que realmente profetiza tem o dom de ver o futuro na semente, no grão, naquilo que planta hoje. Ainda que no seu campo nasça joio em meio ao trigal, a certeza que isto poderia acontecer já o encontrará prevenido para ceifar a erva daninha.
E assim deve ser em todas as dimensões da vida. Sempre será preciso destruir o nocivo para que o útil e proveitoso floresça cada vez mais. E apenas com a profecia nascida da realidade presente.
  

Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

Nenhum comentário: