Perfume e cianureto
Quando amo demais
o meu beijo
está sempre pronto
para a existência
e para a desistência
para o amor maior
ou o impiedoso fim
levo sempre comigo
na boca disfarçada
escondidas nos lábios
a janela da permanência
e a porta da ausência
bastando um gesto
para o tudo ou o nada
eis que em cada lábio
levo um frasco diferente
perfume no lábio de cima
cianureto no de baixo
e em cada beijo que der
com o lábio que quiser
a sorte estará selada
a vertigem ou a estrada
só há um problema
quando deito e esqueço
em qual posição estou
acabo trocando o lábio
e enveneno meu amor
e até me mordo também
e de repente já não sei
se o prazer é o além.
Rangel Alves da Costa
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