SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Palavra Solta - ofícios de um povo



*Rangel Alves da Costa


Brasilino curtia o couro e fazia um sertão. Dona Benvinda amassava o barro e fazia um sertão. Seu Galego afogueava o ferro e depois batia para fazer um sertão. Mané Dandacho vaquejava a cria e fazia um sertão. Carmosina no doce de frade, saudade que ainda invade. Zé de Bela costurando faceiro, no modismo um engenheiro, fazendo roupa pra dona de casa e também para o fazendeiro. Maria do Piau duro oferecia piaba, levando o peixe na cabeça e dando de presente goiaba. João da Bicha, o feiticeiro, fazendo mandinga escondida e se dizendo verdadeiro. Sebastião sapateiro botando sola de borracha, pregando tudo em tarraxa, ofício sem ter herdeiro. Dona Luisinha fazia do pirulito um doce sertão. Baíta preparava arroz-doce com gosto de sertão. Zé de Julião se sacrificou em nome do sertão. Alcino amou e viveu para o seu sertão. E eu, sertanejo de berço e de pisar no chão, o que posso fazer? O que puder pelo meu sertão!


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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