FAZENDO GUERRAS E REVOLUÇÕES
Rangel Alves da Costa*
Do jeito que estou, indignado com meio mundo de situações que vejo ao redor, revoltado com esse estado insuportável de coisas, enojado com esse lamaçal que se avoluma e todos pensam que é uma nevasca da estação, a qualquer instante deflagro uma guerra ou uma revolução.
Não me contentarei com motins, inconformismos momentâneos, subversões, desordens ou agitações, pois levarei adiante um conflito de tão grandes proporções que a história dirá amanhã que a vida na terra jamais esteve em situação tão próxima de ser completamente extinta, e tudo motivado por meu rancor, minha força e minha ira.
Creio piamente no meu estado de lucidez. Meus atos e atitudes são coerentes com a necessidade. Nada além do necessário para confrontar o que silenciosamente age como o maior inimigo, como o mais cruel traidor e como o mais desumano dos vilões. Assim, não pense que é a guerra pelo simples combate, a revolução pela mera predisposição. Ora, se me declaro inimigo e vou pegar em armas, que vença o mais forte.
Diante do que penso e pretendo fazer, nem o infame do alemão nascido na Polônia teve coragem de levar adiante; Napoleão seria certamente aprendiz, como seriam também Alexandre, Genghis Khan, Aquiles, Brancaleone e Átila, dentre outros fantasmas e fantasias. Com bem mais encorajamento e estratégia do que Lampião e seus cabras, do que o Conselheiro e seus fanáticos, do que Bento Gonçalves e seus farrapos, do que Zumbi e seus foragidos, do que muitos outros.
Mais, muito mais explosiva e destruidora do que balaiadas, baianadas, alfaiatadas, sabinadas, dezoitos do forte, revoltas tenentistas, beckimadas, contestadas, constitucionalistas, colunas pretistas, revoltas araguaístas, tocaiadas e emboscadas. E mais dedestruidora do que todas as guerras mundiais, do que as conquistas sangrentas, do que as vilanias cruzadistas.
Do mesmo jeito que tenho assegurado o direito de ir e vir, de pensar e de agir, também tenho assegurado o meu dever de fazer minha guerra. Ora, não estarei pegando em armas para assaltar ou matar nas esquinas, ameaçar ninguém, mas apenas para destruir o mundo. Querer destruir o mundo é fazer justiça contra os que nele vivem sem merecê-lo.
Não há legislação alguma, seja penal ou constitucional, que diga que o indivíduo revoltado com o estado de caos e barbárie que se assoma por todos os setores da sociedade, não possa fazer guerra, declarar estado beligerante contra todos e avisá-los que os ataques irão começar.
Crime mesmo seria deixar sorrindo da cara dos outros essa verdadeira corja que se denomina políticos, mandatários, chefes, governantes. Por que se autodenominam autoridades se jamais tiveram a preocupação de buscar mecanismos que assegurem a paz no mundo? Pelo contrário, do horror se alimentam, vivem das tragédias, se purificam nas mortandades causadas por eles mesmos.
Nem venham me perguntar quais armas usarei para fazer guerra contra o mundo, para combater perante todos e destruir um por um, sem dó nem piedade. Já disseram que o inocente paga pelo culpado, se aquele que se acha inocente não diz quem é o culpado. Será, pois, destruição por extensão.
Porém, fato é que dificilmente será possível encontrar um só inocente se a maioria da população vota nos mesmos políticos, aplaudem aqueles que roubam descaradamente e defendem os desonestos e ladrões como se a própria honra estivesse sendo aviltada. Se todos não agem assim não será culpa minha, mas prevalece aqui o princípio da maioria. Então, todos, indistintamente, serão vítimas dessa minha guerra cruel.
Estou apenas esperando o melhor lugar para começar a destruição. Talvez comece afundando o satanismo iraniano. Não. Acho melhor começar por Brasília. Sorte do povo que será salvo, representado que será pelo martírio dos seus representantes. Mas de qualquer sorte o povo será destruído também, pois onde houver um corruPTo haverá um votante para lhe dar sustentação.
Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário