SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Conversando com Pessoa

CONVERSANDO COM PESSOA

Rangel Alves da Costa*


Não guardo os versos na memória, mas gosto daquele poema onde Fernando Pessoa diz que o Tejo é o rio mais bonito porque é o rio que passa pela sua aldeia. Isso me faz lembrar do pouco valor que damos às coisas que nos rodeia.
Depois que as coisas somem, vão embora ou estão distantes, somos inclinados a sentir sua falta. Depois que o vazio não pode ser preenchido, fechamos os olhos de saudades e até choramos. Depois que o redemoinho passa e leva consigo aquilo que não soubemos preservar, nos amparamos em qualquer lembrança para poder reconfortar.
Ora, ontem estavas aqui e eu não beijei, não senti, não abracei. Ora, ontem pensei que tinha tudo e não doei um pedaço de mim para ficar ao teu lado. Ora, agora é tarde, e virá a noite, que me encontrará lendo Fernando Pessoa, para tentar reaprender que tudo aquilo que amamos e que está ao nosso lado sempre será mais belo, mais bonito, mais importante, mesmo que não seja o Tejo passando pela nossa aldeia.


Advogado e poeta
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com

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