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sábado, 22 de junho de 2013

A LADAINHA DE DILMA E A CONTINUIDADE DO CAOS (Crônica)


Rangel Alves da Costa*


Está tudo absolutamente sob controle, sem alta na inflação, sem diminuição do poder de compra, sem ameaças à mesa das classes menos favorecidas. Aliás, não existe mais classe empobrecida no Brasil, pois o país está exterminando de vez com a pobreza. E também a saúde e a educação não foram afetadas pelos gastos abusivos e superfaturados da copa.
É exatamente o discurso desavergonhado do governo, deliberadamente mentindo sobre situações que estão cada vez mais insustentáveis, que faz com que os protestos prossigam e com consequências inimagináveis. E ontem, no primeiro pronunciamento que fez após os seguidos protestos, a governante maior mentiu mais uma vez. E desavergonhadamente.
Ora, por que só pensou agora, quando está com a corda no pescoço, em reformar o transporte coletivo, aumentar as verbas em educação e trazer milhares de médicos para aumentar o atendimento no SUS? E também quem vai acreditar que com sua arrogância vá atender manifestantes? Quem dá esporro em ministro não dá a mínima para protestante.
Com efeito, quem vive em gabinetes recebendo relatórios maquiados e mentirosos, certamente há de acreditar que vivemos num outro mundo. Mas o mundo da sociedade brasileira é outro, e está ora em cima de vulcão prestes a vomitar ora à beira de profundo e imenso abismo. A situação do Brasil, senhora presidenta, é coisa para se ver e não para pincelar com palavras insinceras e floreadas.
Tanto suas palavras como suas estatísticas jamais refletiram a realidade. O problema é que depois repassam estatísticas e previsões completamente distorcidas para acobertar realidades insustentáveis. Afirmam sobre um país economicamente fortalecido e capaz de vencer os desafios das oscilações econômicas mundiais, quando a população sente no estômago e no bolso o outro lado dessa moeda podre.
De Gaulle tinha razão. E têm razão todos aqueles que desacreditarem no Brasil, que o chamem de um país mentiroso, corrupto e completamente submerso em lamaçais congressistas, palacianos e governamentais. E, infelizmente, também o povo que comunga com tal situação e recoloca no poder os nefastos vermes da política.
Que ninguém se engane ser o Brasil o país mais mentiroso do mundo. E confirmado pela própria boca de sua presidenta travestida de guerrilheira. Cada governante, ministro, secretário ou a autoridade que seja, parece especializado também em criar situações absurdas para dar feição positiva ao inexistente, ou, acaso existente, em dizer que a lama em que o povo se afunda é um refrescante lago primaveril.
    Tanto mente interna como externamente. Ao mundo diz que o produto interno bruto será elevado, que a inflação está no mais absolutamente controle, que o país está imune às ameaças externas, que por aqui tudo corre às mil maravilhas. Tudo mentira, e a mais deslavada mentira. O povo que sai às ruas, senhora presidenta, não está louco não, mas despertado para a realidade que vocês tudo fazem para esconder.
E, internamente, os embustes nossos de cada dia. Será que o povo ainda acredita em educação de qualidade, num sistema único de saúde eficiente, em desburocratização dos órgãos públicos, em controle dos preços dos produtos, em inexistência de inflação galopante, em moralidade nas ações governamentais? Será que o povo vai acreditar em mudanças quando a classe política apodrecida continuará a mesma?
Será que o povo acredita que populações inteiras estejam saindo dos patamares da pobreza e da miséria absoluta, que os problemas das estiagens serão solucionados com ações emergenciais capengas, que os problemas com a proliferação desenfreada do uso de drogas estão sendo enfrentados com seriedade pelo governo? Senhora presidenta, acaso o povo esteja com a razão, e por isso mesmo será atendido em seu gabinete, não seria hora de esse mesmo povo tomar-lhe o seu arrogante e ditatorial poder?
E quem está aí quer continuar no poder, e tem isso como certo porque conhece muito bem a população submissa que está a seus pés. Não só conhece a ignorância, a vassalagem e a vergonhosa dependência, como tem máxima certeza que a honra e a dignidade também pode ser comprada com um cartão de um programa social qualquer.
O fato de 13,8 milhões de famílias viverem na dependência do recebimento dos valores do bolsa família, já demonstra que não saímos nem sairemos daqueles patamares vergonhosos da pobreza espalhada em cada canto. E as populações não sairão da linha da pobreza nem da miséria absoluta porque acostumaram com as esmolas recebidas.
E tendo todo mês o dinheiro certo, dificilmente se esforçarão para alcançar o mercado de trabalho e viver com dignidade. Tais são as lições extraídas dessas políticas que em nada deixam a dever às velhas práticas interioranas e coronelistas do assistencialismo, do apadrinhamento e da esmola em troca de apoio político. E também o voto de cabresto, pois cada cartão do Bolsa Família possui a mesma feição da cabresto puxando o desvalido eleitor.   
Não precisa nem ir muito longe para saber da alta desenfreada da inflação e do aumento absurdos dos produtos básicos na alimentação. Basta chegar a qualquer feirinha de bairro para verificar que nada mais é encontrado abaixo de dois reais, que um quilo de farinha está acima dos seis reais, que está impossível comprar um quilo de peixe ou de camarão. O frango, produto que por muito tempo foi tido como alimento acessível aos pobres, hoje não é encontrado por menos de oito reais o quilo. Dizer mais o que?
Dizer sim. Afirmar que parem com tanta mentira e procurem enxergar a realidade. E assim, talvez um dia, algum governante reconheça que o Brasil continua sendo um país de maioria vivendo ainda vivendo abaixo da linha de pobreza. Ou o governo faz ou as massas chamam para si as responsabilidades e continuarão saindo às ruas para as revoluções necessárias.
E uma boa revolução sempre tem a cabeça de um governante como conquista maior.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com 

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