Tempo de ontem
Num tempo dessa vida
quando seriema existia
e bicho bebia na fonte
no entardecer sertanejo
eu reinava com calango
corria atrás de preá
era amigo da capivara
e do periquito do mato
e de toda ave existente
no galho da catingueira
noutro tempo da vida
nem mata mais existia
nem canto passarinheiro
nem a bicharada sedenta
nos beirais dos tanques
a última cantiga do sabiá
foi ouvida como despedida
e depois disso o mundo
tão meu e tão sertanejo
acorda sempre tristonho
sem a poesia da natureza.
Rangel Alves da Costa
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