*Rangel Alves da Costa
A
religiosidade de hoje está muito mais da boca pra fora ou nas ilusórias
postagens em redes sociais do que em qualquer cantinho da alma.
Basta
lançar um olhar no facebook e santos e mais santos, orações e correntes, logo
aparecerão. E alguém logo dirá que o fervor religioso continua cada vez aceso e
resplandecente. Mas nem sempre assim, infelizmente. Há muito lobo passando por
lebre, há muito pecador dando uma de santo.
Para uma
ideia mais aprofundada, basta saber quantos se esbaldam em farras bem pertinho
da Igreja Matriz de portas abertas e solitária, basta sentir quantos passam
perante a Casa da Mãe Senhora Sertaneja e sequer fazem a reverência do sinal da
cruz, basta olhar quantos jovens vão procurar respostas para suas angústias ali
no Templo Sagrado.
Os jovens
seguem adiante sem se incomodar com quaisquer portas sagradas. Preferem os
paredões, preferem as baladas, preferem as bebidas e as paqueras, preferem as
devassidões escondidas e os pecados perante todos, preferem Devinho Novaes e
Luãzinho e seu vizinho insuportável.
Coisa de
jovem? Não. Coisa de falta de espiritualidade, de ausência de sentimento
próprio, de carência de Deus em suas vidas. E a religiosidade, a crença e o
pacto sagrado, se não consertam o pau que nasce torto, certamente evitará que
ele se dobre de vez.
A fé e o
compromisso religioso, se não resolvem todos os problemas da vida, certamente
fortalecem a pessoa para os seus enfrentamentos. Mas não, o que se tem é grande
parte da juventude de corpo aberto às perversidades do mundo e entregue aos
mundanismos, às pecaminosidade, às libertinagens da moda.
Cada um
faz o que quer, pois tudo direito de cada um. Mas o preço a ser pago sempre
será muito alto, tantas vezes insuportável. Quando o coração começar a doer,
quando as lágrimas começarem a cair, quando os abismos surgirem abaixo dos pés,
então as mãos e os lábios aprenderão que existem orações, então os passos
saberão seguir rumo a uma igreja qualquer.
Será tarde
demais? Não. Nunca é tarde demais para o encontro com Deus. Deus é calmo, é
bondoso, é paciente. Contudo, muito seria evitado se as pessoas de hoje se
mirassem nos exemplos passados.
Talvez uma
mãe, uma avó ou bisavó, saiba dizer sobre o bem que uma igreja traz à alma e ao
espírito. Antigamente, os pecados também existiam em profusão, mas muito mais
pessoas devotadas e obedientes aos ensinamentos sagrados.
Não se
deseja - até porque impossível - que a mocinha se transforme em beata e faça -
como noutros idos se fazia - da igreja como extensão de seu lar. Mas se deseja
sim que ela encontre tempo também para a fé.
Sintam
essa imagem poderosa do passado: senhoras com roupas longas, xales encobrindo a
cabeça, livros sagrados à mão, cadeiras de oração, e todas se dirigindo a
igreja, mesmo sem ser dia de missa.
Foram tais
pessoas que balizaram suas famílias e moralizaram o convívio sertanejo no
antigamente. Hoje não se pede nada disso. Apenas que não deixem a igreja a
solitária, o coração vazio de fé e o corpo entregue ao pecado.
Onde falta
a fé e a devoção, o mal vai se instalando em cada copo, em cada requebro, em
cada fraquejar da carne. Ao invés dos cantos e rezas, das preces e orações, os
paredões ecoando e chamando aos portais escurecidos e sem saída.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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