*Rangel Alves da Costa
As noites são estranhas. São doces, afáveis,
mas também perversa e traiçoeira. E sem falar que ela sempre no seu leito de
escuridão alguns bichos selvagens: saudade, tristeza, melancolia, nostalgia,
verdadeiras ventanias e vendavais. A noite do solitário então é terrível. Frio
no calor, calor no frio. Pássaros de bico afiado e punhais vorazes de dor. Uma
canção ao longe descendo do telhado. Um gato miando a mesma dor do solitário.
Não há lua que seja bela, não há silêncio que não seja grito. Tudo é terrível
na noite do solitário. Algo parecido com os noturnos enfermos, doentios,
incurados das dores. É depois do anoitecer que os sintomas surgem e ressurgem,
que as doenças se manifestam com maior voracidade, que os desalentos domam e
dominam a alma. Travesseiros molhados de lágrimas, lenços jorrando tristezas,
angústias e aflições. E assim até o amanhecer, noite após noite.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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