*Rangel Alves da Costa
Pensei, repensei, decidi. Mas não era nem pra
ter pensado, mas decidido logo. Mas decisão tomada foi de estancar de vez a
ferida. Ora, não tinha mais nenhum cabimento eu estar me ferindo por conta
própria, alimentando chagas, fazendo disseminar as pústulas e as sangrias. Não.
Isso acabou. Quem me deve vai me pagar, quem brincou comigo vai receber o troco
com juros e correção. Fui bom. Nunca deixei de ajudar. Estendi a mão quando a
outra mão me veio em esmola. Tirei da lama quando já parecia sem saída. Ergui,
levantei, fiz reviver, dei dignidade. Mas qual o troco recebido, qual o
agradecimento. É melhor deixar pra lá. Tenho até vergonha de dizer. Mas agora
vai ter. Quem me sangrou não me sangra mais, quem me feriu não me fere mais. E,
se quis um outro caminho, que siga até encontrar os espinhos. E nem que chore
ou pranteie, nem que me chegue chorando de barriga vazia, nada mais terá. Terá,
sim, que lembrar o que fez e sofrer o que eu padeci. Até que desça à escuridão
dos que já vivem em terra sem salvação.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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