*Rangel Alves da Costa
Nonô Quirino era o homem mais silencioso do
mundo. Não abria a boca pra ninguém, não dizia uma palavra sequer, achavam até
que era mudo. Mas bastava ficar sozinho, sentado num tronco de pau ou em
cadeira na calçada, então ele se danava a falar sozinho. Falava e respondia a
si mesmo. De vez em quando se aborrecia, dizia impropérios, para depois sorrir
a gargalhada solta. Já Sinhá Dindô gostava de tomar uma de arrepiar. Com quase
cem anos, mas não saía do pé do balcão. Chegava, mandava logo encher o copo,
olhava pro pé do balcão e dizia: “Santo, eu beberrão, sei que tá aí de boca
aberta esperando um golinho, mas dessa vez não tem não”. E em seguida virava a
talagada. Bastava cuspir e pedir outra. Assim no mundo sertão, e sem falar no
papagaio que acabou com um casamento e ainda foi ser testemunha do adultério.
Quando o juiz quis desacreditar na sua palavra, o louro logo afirmou: Olha que
eu andei sabendo umas coisas também sobre o senhor!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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