Dissimulação e hipocrisia
O dissimulado e o hipócrita possuem os mesmos caracteres hereditários do mentiroso, do falso e do fuxiqueiro. Esta tenebrosa e fatídica junção de personalidades é a mola-mestra que segura todas as desgraças que atingem a humanidade. A ambição, a traição e a covardia são os alimentos dessas aves de rapina que carregam no negrume de seus corações o desejo infame e maldito de praticar a discórdia e a miséria que tantos males causam à sociedade brasileira. Portanto, dissimulação e hipocrisia são palavras que representam o que se tem de mais pernicioso junto às pessoas e comunidades inteiras.
O dissimulado é um sujeito que é mestre na arte de se acobertar com disfarces e fingimentos, tudo dentro de um plano pré-concebido e feito com incrível capacidade de alcançar os seus objetivos, e assim, os atos e decisões que afloram de seus danosos desejos demonstram os seus pendores para todo tipo de maldade e desconsideração. Contudo, mesmo com tanta leviandade, a sua aparência é de cidadão ilibado e pleno de retidão de caráter.
Os que jogam este jogo do mau não permitem que os seus verdadeiros e reais interesses e intenções sejam descobertos. O hipócrita é um ser tão perigoso como aquele. Personagem sem virtude, sem escrúpulo e sem sentimento; cheio de manhas e malícias; extremamente falso e desapiedado; um verdadeiro lixo da humanidade que os dejetos de sua imoralidade têm a fetidez da traição e da falsidade.
O método de esconder e não revelar os próprios sentimentos é a principal e preferida arma dos que usam o disfarce como regra de vida. O homem dessa nova era faz questão de não deixar transparecer a sua vontade e o seu desejo de ocultar, no mais profundo de sua sensibilidade, as suas verdadeiras intenções e os seus reais desígnios, camuflando assim, todos os seus planos e projetos, todos eles escusos e maléficos.
O que os defensores da dissimulação e da hipocrisia desejam e esperam é o momento de agir, pondo em prática o seu terrível plano. E dentro da impiedade que lhe é peculiar, retirar todo proveito que se lhe apresente. É assim que essa imensa legião de pessoas que desconhecem o significado das palavras virtude e lealdade age. Todos com uma única finalidade. Aquela de conseguir os seus objetivos, pouco importando os meios e os fins.
O êxito dessa desditosa gente é especialmente prejudicial para com seu semelhante. E mais ainda, são capazes de atos monstruosos e funestos. Para alcançar o seu desiderato, esse grupo sem dignidade não respeita e nem considera nenhum valor e nem as regras e normas do bom proceder.
Em todos os setores da vida brasileira esta praga predomina. Não mais existe o coleguismo, a amizade sincera entre companheiros de trabalho e nem uma convivência salutar entre as classes e o próprio povo. Tudo, tudo mesmo, está subjugado, preso e atrelado aos cordéis poderosos da força demolidora e amaldiçoada da dissimulação e da hipocrisia. Para o dissimulado subir na vida, ele não tem nenhum remorso de esmagar ou mesmo cortar a cabeça de quem quer que seja. Em sua monstruosa hipocrisia ele imagina que tendo força política e poder econômico irá se tornar o senhor da vaidade e do orgulho, da vida e da morte.
É assim que agem os covardes e os falsos. Homens maus e sem coração que perderam ao longo de suas existências os valores que eram tão bem cultuados e respeitados pelos nossos antepassados. Homens que arrancaram de seu sentimento o amor e a consideração para com seu semelhante. Desapiedados seres humanos que vivem zombando e achincalhando os preceitos divinos, afirmando convicto e às gargalhadas que essa coisa de dignidade e temor a Deus não passa de bobagem da massa falida e sem perspectiva do Brasil da pobreza e do atraso. Eles não. Eles fazem parte dos que acompanharam as mudanças e evolução da modernidade dos novos tempos, com seus novos conceitos e sua dureza de sentimento.
Coitados desses infelizes que em suas miragens enganosas se imaginam os maiorais, aqueles que conseguem tudo.
Será que é assim mesmo?
Alcino Alves Costa
O caipira de Poço Redondo
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