SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

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terça-feira, 20 de outubro de 2009

Poço Redondo e Alcino (I)
Publicada: 18/10/2009


Texto: Paulo Medeiros Gastão (Escritor e historiador - Mossoró de Santa Luzia - RN)

As gerações se sucedem num piscar de olhos. A lista de nomes representativos pode ser consultada tanto no Estado de Sergipe, como nos confins da Mongólia. Queremos nos referir especificamente aqueles que se dedicam ao mundo da literatura popular na forma mais abrangente que possamos admitir.

Continua sendo ledo engano somente as grandes cidades, capitais ou não, serem produtoras de bons cronistas, jornalistas, pesquisadores, escritores. É oportuno lembrar que a maioria dos selecionados são originários de pequenos rincões, distantes do grande centro cultural e administrativo.

Vamos deixar a brancura das ondas do Atlântico para nos depararmos com a enxurrada trazendo nutrientes no seu bojo, mas que alegra aos residentes às margens do Rio Jacaré. Assim agem o Mecong, o Amazonas, o Missisipi, o Nilo e demais grandes rios do mundo. O rio torna-se a fonte de riqueza e bonança às comunidades ribeirinhas. Ai está o Egito e o Nilo como eficaz afirmativa.

No caminho dessas águas encontra-se a pequenina e admirada Poço Redondo. Chão de homens corajosos na luta com o gado, como também, no uso das armas. Sua existência vem dos idos do século passado, quando ainda em formação pertencia ao município de Porto da Folha.

Sua pujança se fez notar pelo procedimento da sua gente, ao longo dos anos, onde a luta pela sobrevivência sempre afrontava a todos. Fizeram os homens que seu solo branco gerasse energia suficiente para que todos permanecessem atrelados aquele torrão. Ninguém debandou. Lutas infindas foram travadas ao longo dos tempos. Necessário se fazia a procura de um cronista para dar conhecimento ao mundo do quanto bravio é o povo de Poço Redondo e de tudo que o cerca.

Na sua brejeirice, encontramos um homem, que ao longo dos anos vem sendo o grande e único repórter dos sertões sergipanos. Ocupa-se com cangaço, música popular, literatura de cordel, peleja de violeiros, os tempos do ontem e do hoje. Tem programa matuto na rádio Xingó FM, que opera na vizinha cidade de Canindé de São Francisco, levando sua voz amiga, ouvida e acatada informações de real utilidade aos ouvintes tanto os do Jacaré como os do São Francisco. Serviço hercúleo faz o Caipira de Poço Redondo todas as semanas.

De forma simples, humilde e buscando um lugar ao sol no mundo literário consegue com seus primeiros livros obter aceitação e credibilidade. Com o aval dos ditos letrados estavam as veredas livres para com suas pesquisas.

Assim, Alcino Alves Costa, também conhecido por Alcino Costa, o caipira de Poço Redondo, abraça a causa dos seus conterrâneos. Prepara-se para uma grande jornada, talvez sem fim, porém, extremamente gratificante. É sabedor das dificuldades, alegrias, preocupações que está abraçando. Como homem determinado não olhou para trás. O que ele deseja na expressão ‘atrás’ é a história dos seus antecedentes e consequentemente do povo da sua geração, e mais, como ele gosta de se expressar, - a história dos povos sertanejos.

Alcino cria linguagem, personagens, mostra-se humano, grande memorialista e único repórter-escritor dos sertões de Sergipe. Brevemente voltaremos ao assunto.

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