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terça-feira, 11 de outubro de 2011

NAS MÃOS DE DEUS: UMA HISTÓRIA DE INJUSTIÇA - 57 (Conto)

NAS MÃOS DE DEUS: UMA HISTÓRIA DE INJUSTIÇA - 57

                                          Rangel Alves da Costa*


Carmen reafirmou apenas que as teses que deveriam ser trabalhadas nos recursos caberiam a ele decidir, e se achava que a intimidação do próprio judiciário seria um meio eficiente então que fosse como pretendia. Ademais, afirmou ela, diante do que fizeram com os dois inocentes e também diante de quem está se lidando, todas as armas teriam de ser usadas, afinal de contas a vileza teve início com dois dos seus membros, o juiz sentenciante e o tio da mocinha, este também magistrado.
Ao tentar saber logo o valor dos honorários advocatícios, Carmen recebeu uma inesperada reprimenda do Dr. Céspedes Escobar. Levantando da cadeira, caminhando lentamente pela sala, e passando a vista sobre estantes de livros, diplomas e certificados nas paredes, o advogado voltou-se firmemente para ela, com olhar de revolta, e afirmou que enfim havia chegado o momento esperado durante uma vida inteira. E disse mais:
“Outro dia li um artigo na internet intitulado Juiz Corrupto - em quase toda esquina tem um (infelizmente)! Não lembro bem a autoria, mas a cópia do texto está logo aí embaixo dessa balança da Justiça. Dê-me aí, por favor, Carmen”. A folha foi repassada e o advogado se pôs a ler:
“Está aqui, está publicado no site Denúncia e diz o seguinte, veja só a que ponto chegamos: Quadrilha de juízes e desembargadores denunciada pelo MP - O Ministério Público Federal denunciou um grupo formado por desembargadores, juízes, advogados, despachantes, oficiais de Justiça, comerciantes e gerentes de banco, todos suspeitos de envolvimento no esquema de venda de liminares e sentenças investigado pela Operação Passárgada. A denúncia, feita pelo subprocurador-geral da República, foi enviada nesta semana ao Superior Tribunal de Justiça e será analisada pelo ministro relator do Inquérito. Todos os denunciados são acusados pelo crime de formação de quadrilha. Além de oferecer a denúncia, o subprocurador também pediu o imediato afastamento de desembargadores do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, além de juiz federal, de um oficial de Justiça e do diretor de uma vara federal. A dignidade da Justiça, já tão escarnecida pelos denunciados, não permite que se aguarde o futuro recebimento da denúncia para suspendê-los de suas funções, afirmou o subprocurador-geral, que se baseou sua denúncia em interceptações telefônicas e de mensagens via e-mail, além de quebras de sigilo bancário e fiscal e farto material colhidos pela Polícia Federal”.
Em seguida, ele mesmo indo até uma das gavetas do birô pegar outro escrito, ficou caminhando por instantes com os olhos voltados para a folha e em seguida voltou-se novamente a Carmen:
“Vou ler o que está escrito aqui e atente bem para o que é dito. É de autoria do advogado criminalista Antonio Carlos Vargas e foi publicado no site CP Notícias. O título é Juízes que mancham a toga, primeira parte, e diz literalmente: ‘Juízes, para nós pobres seres mortais, são pessoas intocáveis, acima do bem e do mal, quase perfeitos e quase divinos. O nosso direito se encerra neles. Por mais absurda e insensata que possa parecer a sua decisão, ela nos é absoluta.
Na realidade, a figura e a utilidade de um Juiz é a de ser, o que na matemática chama-se de P.E., ou Ponto de Equilíbrio. Na balança que, é um dos símbolos da Justiça, o Juiz não pode e nem deve fazer pesar o prato para nenhum lado e principalmente e muito menos para o seu lado!
Mas, caráter, brio, dignidade, imparcialidade, honestidade, são qualidades que não é ensinadas e aprendidas nos bancos das escolas, faculdades e ou cursinhos. O MEC não reconhece nenhuma dessas disciplinas na grade curricular, que autorize esse ensino.
Elas são natas e inerentes ao homem e mulher. Não há como se ensinar caráter. Não há como se ensinar brio. Não há como se ensinar dignidade. Não há como se ensinar imparcialidade. Não há como se ensinar honestidade.
E vejam, nos dicionários, trata-se a palavra imparcialidade, como um substantivo feminino em que o seu sinônimo é caráter. Portanto, o caráter e a imparcialidade, não andam separados. Somos portadores ou não!
Juízes, não podem ser pessoas que se utilizam do cargo, “poder” para obterem informações privilegiadas e assim praticar negociatas a seu favor ou a favor de terceiros.
Isso é prática de bandido!
Hoje, resolvi relembrar a banda podre da Justiça e que de uma forma ou de outra está sendo punida, isso naqueles casos em que foram descobertos. Agora, imaginem aqueles que ainda permanecem praticando seus crimes em benefício próprio, almejando por uma aposentadoria mais “gorda” e ali sim, em seu “aposento” eles são intocáveis.
Pasmem. O sonho de todo trabalhador decente deste país, é chegar ao fim dos seus anos de trabalho e contribuição previdenciária e se aposentarem como forma de vitória, de lucro, após o dever cumprido. Como disse Paulo: “Combati o bom combate!”
No caso dos juízes corruptos, essa aposentadoria de forma prematura, com um salário de dar inveja e a manutenção do status do prestígio do cargo, e ainda, o dinheiro e bens, frutos da corrupção, vêm como forma de castigo.
Como por exemplo, o caso do ex-ministro do STJ Paulo Medina e o ex-Vice Presidente do TRF 2ª. Região, José Eduardo Carreira Alvim, ambos receberam a dura pena da aposentadoria compulsória.
O primeiro irá receber pelo resto de sua vida, a bagatela, pelos serviços não prestados, de R$25.386,97 e o segundo, como também não poderia ser diferente, também foi punido severamente com a mais alta punição administrativa. Aposentadoria compulsória e o mísero salário de R$24.117,62 enquanto vida tiver. A partir daí vai para as viúvas, que viverão alegremente.
Afinal, o crime compensa ou não? Ou depende de quem o pratica?
Quem entende esse país? Depois não querem ouvir que aqui tudo acaba em pizza!
Segundo a visão do escritor e blogueiro Fábio de Oliveira Ribeiro: Num regime Republicano verdadeiro, todos devem se submeter aos rigores da lei, inclusive e principalmente aqueles que têm a missão e o dever de zelar pelo seu fiel cumprimento. Só nos regimes tirânicos e aristocráticos e oligárquicos se admite a existência de uma classe de cidadãos que, em razão de suas posses, poder ou origem familiar, estão acima da Lei.
Um Juiz corrupto é muito mais perigoso para o regime republicano e democrático do que qualquer contraventor ou bandido comum. Os magistrados são remunerados como nababos, em contrapartida deveriam se dedicar a exercitar seu mister com a mais zelosa honestidade. Não é o que está a ocorrer justamente porque os malandros se acreditam imunes e impunes’.
Observou Carmen, com quem estamos lidando? Esse juiz sentenciante, esse mesmo que recebeu da máfia para condenar os dois inocentes, bem como o outro magistrado também envolvido, é o retrato mais detalhado desse judiciário em grande parte corrompido, nefasto, verdadeiramente prejudicial à sociedade. É por isso que nas teses recursais iremos expor parte dessa podridão e alertar que faremos mais ainda se os dois rapazes não tiverem seus direitos reexaminados e obtiverem a absolvição. Mas não é somente isso não minha cara, não é somente isso não, pois agora vou explicar porque terei o maior prazer de defender gratuitamente esses dois inocentes”.

                                                     continua...



Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

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