Rangel Alves da Costa*
Toda vez que leio ou assisto algo relacionado
com as civilizações antigas e seus suntuosos e gigantescos monumentos, faço a
mim mesmo algumas indagações. E os questionamentos envolvem procurar entender
como um povo sem ferramenta cortante, sem equipamentos de medição, sem
instrumentos para transportes de pedras gigantescas, conseguiu uma engenharia
tão perfeita e uma arquitetura tão monumental.
E mais: Como os blocos megalíticos eram
encaixados de tal forma que nenhuma réstia de sol poderia ultrapassá-los, e sem
a utilização de argamassa ou qualquer ou cimento? Como os imensos blocos,
depois de cuidadosamente trabalhados, eram elevados até alturas imensas e lá em
cima devidamente dispostos? Como imensas bolas de pedra, parecendo rochas
perfeitamente redondas, foram trabalhadas e depois espalhadas em locais rituais
pelos campos?
E ainda: Como os construtores dessas
civilizações tinham tanta noção sobre o espaço, sobre as constelações, o sol, a
lua e a estrelas, de modo a ajustar tais elementos – como o solstício – aos
seus portais? Como conseguiram fazer estátuas imensas de deuses, totens e
ídolos, e depois transportá-los de regiões distantes para um determinado ponto
num local sagrado? E por que tais construções, entre templos, pirâmides,
esculturas e estátuas, se assemelham tanto, ainda que não houvesse qualquer
comunicação entre as civilizações?
É preciso recordar que tais povos possuíam
apenas rochas como objeto de transformação e as mãos e machadinhas de pedra
como objeto de trabalho. Não havia cimento, martelo, cinzel, britadeira, cortadeira
de pedra, trator, guindaste, dinamite para explodir grandes blocos, quase nada
do que se tem hoje em qualquer mínima construção. Como afirmado, todo o
trabalho era na dureza manual, duro, árduo, talvez levando anos e mais anos
para uma pedra tomar um formato desejado.
Há de se ver que os templos antigos não são
construções lineares, inteiras ou inteiramente retilíneas. Também não há um só
elemento disposto que não esteja em consonância com o todo. Para se ter uma
ideia, até uma janela aberta no alto foi planejada para receber os raios do sol
ou a luz do luar em determinados períodos do ano, pois tudo pensado
astrologicamente, num misto de magia e divinização dos elementos.
Todas as grandes construções do mundo antigo,
das grandes civilizações do passado, são ricamente adornadas, com figuras
esculpidas ainda durante a edificação. E todas as figuras, sejam cobras emplumadas,
figuras aladas, animais com cabeça humana, seres animalizados, bem como a
descrição de mitos da origem dos povos, possuem um acabamento tão esmerado que
somente a força do tempo para um só grão.
Tudo parece feito com potentes instrumentos
cortantes e depois cinzelado para ganhar as formas mais diversas. Mas, como se
sabe, os instrumentos de trabalho daqueles povos eram os mais primitivos
possíveis, tendo as próprias mãos e pontas afiadas de pedras como as principais
chaves de trabalho. Ainda assim conseguiram produzir uma obra de tamanha
genialidade que ainda hoje desafia o entendimento de sua engenharia.
Tudo isso ainda está exemplificado no legado
das civilizações maia, asteca, inca, hindu, egípcia, grega, suméria e tantas
outras. O homem de hoje ainda continua se perguntando como foi possível
Stonehenge, as linhas de Nazca, as grandes pirâmides, os moais da Ilha de
Páscoa, templos encravados no alto de montanhas, obras suntuosas que foram
sendo descobertas nas distâncias das selvas mesoamericanas.
Mistérios existem e estes podem ser
encontrados no legado das grandes civilizações, indubitavelmente. Machu Picchu,
Cuzco, Palenque, Teotihuan, Tenochtitlán,
Copán, Tikal e Chichén Itzá, dentre muitas outras grandiosidades antigas, não
surgiram milagrosamente ou foram construídas com ajuda de extraterrestres, como
insistem em afirmar os teóricos dos antigos astronautas ou alienígenas do
passado, mas sim por mãos e engenhosidade humanas. E daí surgir uma última
indagação: os construtores antigos eram mais inventivos e tenazes que os
modernos?
Não será necessária uma resposta acabada, um
sim ou não, mas basta observar o que homem atual possui à sua disposição para
construir e logo se verá o seu distanciamento do homem antigo. Este tinha sua
mão, um rude instrumento e sua arte, e isto bastou para erguer maravilhas
inacreditáveis. E o nosso construtor, nosso engenheiro e nosso arquiteto, que
já saem com a obra pronta da prancheta ou do computador e dispõem de tudo que
desejar para construir, ainda assim levantam apenas paredes.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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