SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

MISTÉRIOS ANTIGOS


Rangel Alves da Costa*


Toda vez que leio ou assisto algo relacionado com as civilizações antigas e seus suntuosos e gigantescos monumentos, faço a mim mesmo algumas indagações. E os questionamentos envolvem procurar entender como um povo sem ferramenta cortante, sem equipamentos de medição, sem instrumentos para transportes de pedras gigantescas, conseguiu uma engenharia tão perfeita e uma arquitetura tão monumental.
E mais: Como os blocos megalíticos eram encaixados de tal forma que nenhuma réstia de sol poderia ultrapassá-los, e sem a utilização de argamassa ou qualquer ou cimento? Como os imensos blocos, depois de cuidadosamente trabalhados, eram elevados até alturas imensas e lá em cima devidamente dispostos? Como imensas bolas de pedra, parecendo rochas perfeitamente redondas, foram trabalhadas e depois espalhadas em locais rituais pelos campos?
E ainda: Como os construtores dessas civilizações tinham tanta noção sobre o espaço, sobre as constelações, o sol, a lua e a estrelas, de modo a ajustar tais elementos – como o solstício – aos seus portais? Como conseguiram fazer estátuas imensas de deuses, totens e ídolos, e depois transportá-los de regiões distantes para um determinado ponto num local sagrado? E por que tais construções, entre templos, pirâmides, esculturas e estátuas, se assemelham tanto, ainda que não houvesse qualquer comunicação entre as civilizações?
É preciso recordar que tais povos possuíam apenas rochas como objeto de transformação e as mãos e machadinhas de pedra como objeto de trabalho. Não havia cimento, martelo, cinzel, britadeira, cortadeira de pedra, trator, guindaste, dinamite para explodir grandes blocos, quase nada do que se tem hoje em qualquer mínima construção. Como afirmado, todo o trabalho era na dureza manual, duro, árduo, talvez levando anos e mais anos para uma pedra tomar um formato desejado.
Há de se ver que os templos antigos não são construções lineares, inteiras ou inteiramente retilíneas. Também não há um só elemento disposto que não esteja em consonância com o todo. Para se ter uma ideia, até uma janela aberta no alto foi planejada para receber os raios do sol ou a luz do luar em determinados períodos do ano, pois tudo pensado astrologicamente, num misto de magia e divinização dos elementos.
Todas as grandes construções do mundo antigo, das grandes civilizações do passado, são ricamente adornadas, com figuras esculpidas ainda durante a edificação. E todas as figuras, sejam cobras emplumadas, figuras aladas, animais com cabeça humana, seres animalizados, bem como a descrição de mitos da origem dos povos, possuem um acabamento tão esmerado que somente a força do tempo para um só grão.
Tudo parece feito com potentes instrumentos cortantes e depois cinzelado para ganhar as formas mais diversas. Mas, como se sabe, os instrumentos de trabalho daqueles povos eram os mais primitivos possíveis, tendo as próprias mãos e pontas afiadas de pedras como as principais chaves de trabalho. Ainda assim conseguiram produzir uma obra de tamanha genialidade que ainda hoje desafia o entendimento de sua engenharia.
Tudo isso ainda está exemplificado no legado das civilizações maia, asteca, inca, hindu, egípcia, grega, suméria e tantas outras. O homem de hoje ainda continua se perguntando como foi possível Stonehenge, as linhas de Nazca, as grandes pirâmides, os moais da Ilha de Páscoa, templos encravados no alto de montanhas, obras suntuosas que foram sendo descobertas nas distâncias das selvas mesoamericanas.
Mistérios existem e estes podem ser encontrados no legado das grandes civilizações, indubitavelmente. Machu Picchu, Cuzco, Palenque, Teotihuan, Tenochtitlán, Copán, Tikal e Chichén Itzá, dentre muitas outras grandiosidades antigas, não surgiram milagrosamente ou foram construídas com ajuda de extraterrestres, como insistem em afirmar os teóricos dos antigos astronautas ou alienígenas do passado, mas sim por mãos e engenhosidade humanas. E daí surgir uma última indagação: os construtores antigos eram mais inventivos e tenazes que os modernos?
Não será necessária uma resposta acabada, um sim ou não, mas basta observar o que homem atual possui à sua disposição para construir e logo se verá o seu distanciamento do homem antigo. Este tinha sua mão, um rude instrumento e sua arte, e isto bastou para erguer maravilhas inacreditáveis. E o nosso construtor, nosso engenheiro e nosso arquiteto, que já saem com a obra pronta da prancheta ou do computador e dispõem de tudo que desejar para construir, ainda assim levantam apenas paredes.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

Nenhum comentário: