Rangel
Alves da Costa*
A
formação docente requer reflexões úteis e necessárias. O que costumeiramente se
apregoa nem sempre é considerado na sua prática. E havendo prática coerente com
os objetivos educacionais, a formação deverá realmente ser comprometida não só
com a melhoria da educação, mas também com a transformação de toda a sociedade.
Neste sentido, a formação do educador deve ser para a transformação e não
apenas para reproduzir conteúdos, de modo socialmente descompromissado e
politicamente inerte.
Contudo,
se há ineficácia na formação e o problema tenha reflexo na sala de aula, a
culpa não será somente daquele incapacitado para ensinar, mas também da própria
instituição que forma e da escola que acolhe o docente sem conhecer sua postura
educacional e de mundo. Ora, também o professor é um sujeito crítico, alguém
que tem posicionamentos, postura ideológica, partidarismos. E tais aspectos não
são observáveis naquele que não teve uma boa formação.
Eis
que a formação do indivíduo implica também na formação de sua postura
ideológica e de seu comprometimento e ação diante da realidade. Do mesmo modo,
a ação do indivíduo enquanto docente deve ser também de busca de transformação
daqueles que vão à escola não apenas para aprender conteúdos, como alguém que
aleatoriamente vai acumulando, mas para sistematizar conhecimentos
verdadeiramente úteis. Além de que necessitam ter suas mentes sempre abertas
para realidades muito maiores.
Desse
modo, uma formação docente comprometida com a transformação social deve,
necessariamente, evidenciar o perfil e conhecimentos desejáveis do educador para
uma intervenção inteligente e ideologicamente engajada - porém sem politização
partidária - na realidade escolar. Ora, o professor jamais deve ter uma postura
de passividade diante da realidade concreta. Sua interferência, contudo, deve
ser no sentido de trazer e permitir a reflexão sobre os diversos cenários
existentes e deixar que o professor alunado construa seu entendimento.
A nova
postura requerida na prática educacional não mais permite que o educador esteja
comprometido apenas com a reprodução. Não se admite mais que o professor ainda
se conserve com mero retransmissor de conteúdos. Deve-se buscar uma educação
para o mundo, para o conhecimento e reflexão da realidade, para sua crítica e
intervenção diante de fatos concretos. Urge, assim, uma prática cuja dimensão
política e social seja a pedra fundamental para a transformação não só da
escola como da própria educação, e principalmente do alunado. Urge ainda que a
formação seja a mais abrangente possível e o conhecimento significativo, de
modo que a formação docente priorize a multiplicidade de conteúdos e de
saberes.
Uma
postura pedagógica que reflita a realidade através do ensino exige que o educador
consiga fazer a ponte entre conteúdos e fatos concretos do mundo e da vida, eis
que o trabalho pedagógico nada mais é que uma comunicação entre a educação e o
mundo real. Cabe ao professor ter a capacidade de articulação entre
conhecimentos, buscar na interdisciplinaridade uma forma de abranger conceitos.
E basicamente que consiga tornar a sala de aula um espaço de solidariedade e
favorecer o desenvolvimento do aluno nos aspectos cognitivo, emocional e moral.
Necessário, pois, que a ação docente possibilite ao educador uma visão não só
do fazer educacional, mas também de sua
importância como instrumento de transformação da realidade através de seus
alunos.
De
qualquer modo, urge que se considere a educação como uma forma de compreender
as transformações mundialmente ocorridas. Incabível que tantas mudanças de
conceitos, visões e paradigmas, ainda permitam que o fazer educacional
permaneça inerte, colhendo ainda de seus antepassados. Tal contexto exige a
formação de um professor que reflita o seu tempo e que também procure dialogar
criticamente com as transformações, e por isso mesmo objetivando uma educação
comprometida com as exigências desse novo tempo.
Em
síntese, o que se defende é uma formação docente mais ideológica, crítica,
reflexiva, mais universalizante e menos conteudística. E cabe ao educador
alcançar uma postura coerente com a realidade da vida e do mundo. Ora, quando o
ensino passa a exigir novos saberes, novas formas de conhecimento e uma junção interdisciplinar
e transversal de conceitos, logo se tem a porta de entrada para esse novo fazer
educacional.
Não há
milagres nem mirabolâncias, apenas ação coerente com as exigências da nova
realidade educacional e da utilização dos mecanismos de informações colocados à
disposição de todos. Basta que o educador lance mão do vasto repertório de
possibilidades e torne o ato de educar um ato de reflexão tão vasto quanto o
próprio conhecimento.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
Um comentário:
erO professor é apenas uma peça neste trabalho, pois as responsabilidades de outros também tem que ser cobrada, pois somente o professor não consegue fazer os milagres que a sociedade lhe impõem. Família e governos estão empurrando suas mazelas para a a escola que se vê acuada a tentar resolver problemas estratosféricos.
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