Caderno
de solidão
Nunca mais fui sertão
escrevi no meu caderno
um diário de solidão
de página a página sertão
trouxe o velho alforje
e cantil cheio de lágrimas
a terra entre os meus dedos
e uma tristeza pranteada
desde a curva da estrada
e nunca mais meu sertão
nunca mais a imensidão
nunca mais brilhei suor
esturriquei a lágrima
embruteci faminto
nem chorei sedento
porque nunca mais
me fiz sol ensolarado
e negrume enluarado
como no meu sertão
que nunca mais em mim
nunca mais nada em mim
senão saudade do sertão
caderno de velha lição
dizendo que a vida dói
na distância que corrói
desejando chão e espinho
ao mundo feio urbano
entre tantos e sozinho.
Rangel Alves da Costa
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