SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sexta-feira, 8 de novembro de 2013

PALAVRAS SILENCIOSAS – 427


Rangel Alves da Costa*


“Flores nascem em canhões de guerra...”.
“Mãos que pedem não têm dedos para diamantes...”.
“A pedra agoniza a solidão de seus dias...”.
“Pássaro sem ninho carrega uma lança no peito...”.
“Os outros talvez esteja, com os outros...”.
“A voraz tempestade há de ficar sedenta...”.
“Na língua tirana há um rogo escondido...”.
“Os deuses silenciam solenes à passagem de Deus...”.
“Verões e invernos recebem as folhas de outono...”.
“O velho poeta se transforma em verso em pó...”.
“As estrelas adormecem no colo da noite...”.
“Doce é a lágrima caída por doce saudade...”.
“Os canhões adormecem nos silêncios da guerra...”.
“A festa da idade corre e brinca pelo passo...”.
“Haverá outro amanhã para os que acordam...”.
“Singra o barco pelas areias molhadas do deserto...”.
“As aves de voo noturno já entram pela janela...”.
“Os meninos correm do tempo que os chama apressadamente...”.
“Da janela a ventania desfaz a tristeza adormecida...”.
“A vidraça molhada escreve um livro de solidão...”.
“A paz e a guerra bebem no mesmo copo...”.
“Também há sangue derramado em tempos de paz...”.
“Os mortos oferecem lenços aos que pranteiam a partida...”.
“Pássaro em voo vai buscar a estação...”.
“O orvalho lacrimeja o sofrimento da planta...”.
“Jamais partirá aquele que não espera o trem...”.
“As notícias que chegam avermelham os olhos...”.
“Quantos sonhos esqueceram-se de ser sonhados...”.
“Os velhos e os jovens se perguntam sobre o seu tempo...”.
“Uma xícara de filosofia com um pedaço de sabedoria...”.
“Os sinos da igreja vão além dos seus sons...”.
“Um livro tão velho que ainda vive...”.
“Um outono guardando uma flor escondida...”.
“Sombras são sempre apaixonadas pelos sóis acima...”.
“Cantos fúnebres para um ex-amor...”.
“Escolha a porta de trás ou a porta da frente para ficar ou partir...”.
“Sede de moringa no vapor da noite...”.
“Tijolo por tijolo e apenas um tijolo...”.
“Preciso de uma flor para encontrar um amor...”.
“Belos são os lírios nos olhos da mocinha...”.
“Um luar tão lua que a noite desnoita...”.
“Não preciso da palavra além de pedir silêncio...”.
“O grão sobre a terra e a boca já assim aberta e faminta...”.
“Distantes e tão próximos os calendários, os relógios, a idade...”.
“No passo do cágado a pressa de um dia chegar...”.
“Girassóis são sóis em pétalas de flores...”.
“Quando as máquinas param os homens são enterrados...”.
“Os heróis foram amaldiçoados no seu tempo...”.
“A chama da vela crepita no coração cheio de fé...”.
“Os guardiães são anjos nos anjos que são as pessoas...”.
“Dizer adeus e ficar para dizer adeus...”.
“Pois sempre há um beijo em todo adeus...”.
“Por isso preciso sempre partir...”.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

Nenhum comentário: