*Rangel Alves da Costa
Bela
menina, bela flor da mocidade, e que anda por aí alegrando os dias, assim
continue, assim se permita viver se assim lhe contenta.
Menina
bela, linda flor e meiga flor da juventude, e que andeja por aí alegrando as
paisagens, que suas pétalas macias continuem em viço pelos ressecados
canteiros.
Sei que
não é qualquer uma que apenas passa, mas aquela que passa com encanto e beleza.
Diferente de muitas outras, sua passagem é como sopro de brisa, como canção da
tarde.
Beleza sem
qualquer imposição de beleza. A pele da pele, o cabalo do cabelo, o lábio no
lábio, a face na face. Nada, absolutamente é forjado para lhe dar majestade.
Beleza na
roupa, na sandália, no corte do cabelo, na pintura e no batom? Não. De jeito
não. A sua beleza está, acima de tudo, na moldura própria que lhe adorna.
Não
precisa de roupa de grife, de penduricalhos da moda, de vestes de marcas para
ornar sua flor. És bela por que és bela, por que não precisa de enfeites para
ser olhada, avistada, adorada.
Sei que
falam - até as outras meninas de sua idade - da roupa simples que veste, do seu
jeito simples de ser, do seu desapego ao material. Um vestido de chita lhe cai
bem, uma roupa barata também.
Sei que
falam de seu chinelo de pé, de seu cabelo ao vento, de sua pele sem maquiagem,
de suas orelhas sem brincos e de seus dedos sem anéis. Talvez uma concha de mar
como pingente ou uma pulseira de cipó do mato.
Sei que
falam de seu jeans surrado, de sua blusa florida, de sua roupa já desgastada de
tempo. E certamente falam de você não se importar com nada que digam sobre o seu
jeito simples e humilde de ser.
Sei que
falam de seu silêncio, de sua pouca palavra, de seu sorriso escondido, de suas
poucas e escolhidas amizades. Falam quando fala sozinha, falam de sua amizade
com os bichos, com as flores e folhas.
Sei que
falam por que não é como elas, que não gosta de viver nas calçadas ou nos
escondidos, que não gosta de viver com copo à boca ou cigarro à mão, que não
gosta de amizades falsas nem de estar olhando a vida dos outros.
Sei que
falam por ser recatada demais, por não andar namorando um e outro, por não
gostar de baladas nem de sair sem hora para retornar. Sei que falam por que
respeita seus pais, por que gosta do lar e da família, e por ouvir e seguir os
bons conselhos.
Sei que
falam de todo e de qualquer jeito. Falam mal você sendo assim, imagine se fosse
como os outros desejam. Querem moldar ou mudar o seu jeito para mais tarde
terem ainda mais motivos para falar.
A beleza
faz mal a quem é não é belo. A inveja cria a falsidade, a palavra indigna, o
desprestígio. Mas o que lhe afetar se você foge das falsas amizades e daquilo
que possa lhe macular.
Dificilmente
alguém chegará perto de você para mostrar reconhecimento. Poucos são aqueles
cuja verdade não admite dizer diferente. E no seu passo, no seu caminhar, você
encontrará pessoas boas, mas também a maldade em forma humana.
Mas não se
importe não, bela menina. Siga seu caminho, mostre ao mundo sua singela beleza.
Saiba que existem flores e flores. As que os outonos logo murcham e levam e as
que continuam alegrando os jardins da vida. E continuará assim, bela flor por
onde passar.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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