*Rangel Alves da Costa
O sertanejo sofre com a falta de chuvas, com
a falta d’água nas fontes e barreiros, com a falta de alimentos para os bichos
e para a família. Mas se chove muito, então mais sofrimento. Chuva demais leva
tudo, deixa a terra pobre, apenas encharca para depois secar e virar barro. A
chuva forte é inimiga do bicho já fraquejado, fraco, de pouca força. Até mesmo
pingo grosso derruba o bicho no couro e no osso. Até mesmo o lamaçal faz o
bicho cair de não mais poder levantar. E quando cai, então começa o esforço
maior do mundo para reerguê-lo. Numa espécie de padiola, com muito cuidado o
bicho é colocado para depois ser como que dependurado. Sua alimentação virá da
mão do sertanejo, no mesmo jeito de gente enferma e sem poder sequer comer com
as próprias mãos. A comida e a água, tudo na boca, tudo no tempo certo, até que
o bicho novamente ganhe forças para primeiro pisar o chão e depois pastar. Mas
por que tanto sacrifício, tanta luta? Pelo amor ao mundo sertão, pelo amor a
terra, pelo amor ao bicho. Por amor a si mesmo, vez que sertanejo de raiz e de
coração.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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