*Rangel Alves da Costa
Ainda não nasci completamente. E
completamente nascido jamais serei. Oh quanto me falta, quanto me falta! Quanto
amor me falta, quanta compaixão me falta, quanta fraternidade me falta, quanta
humildade me falta. Reconheço que sou assim, a incompletude. Haverei de
retornar, pois, ao útero da compreensão para certificar-me do pouco que sou,
das metades que faço, de quanto sou incompleto. Ter um coração e nele a
bondade, ter braços e mãos e neles a força para ajudar ao próximo, ter
sabedoria e nela a razão para compreender as diferenças, ter o dia e a noite e
neles o tempo para realizar, para construir. Mas o que tenho feito? Apenas
parte do que posso fazer. Não ouvi a palavra completa, não dei atenção ao que
me pediu, não fui um bom amigo daquele que merecia amizade. Imaginei ser o
momento tudo. Temo que o amanhã exija de mim a parte não concedida no passado e
agora. E queira que eu seja o tudo, quando sou apenas metade. Mas sei que ainda
há tempo. Tempo de amar, tempo de sorrir, tempo de viver, tempo de partilhar.
Talvez eu jamais consiga alcançar a plenitude de tais desejos, mas ao menos
estarei completo no meu desejo de que assim seja.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário