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A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



domingo, 23 de setembro de 2018

Palavra Solta - o que sou e minha razão de ser



*Rangel Alves da Costa


Sou pessoa de muitas vidas. Sou do passado, do presente e do futuro, com fé em Deus. Alimento dentro de mim todas essas vidas, e que não são somente as minhas. Sinto prazer de buscar e rebuscar na história aquilo que jamais pode ser esquecido. O que passou não passou totalmente, é o que penso. Livros e professores ensinam história pela narração dos fatos, e eu pela vivência dos fatos. Quem chega ao Memorial Alcino Alves Costa encontra essa vivência passada e até revive os antigos testemunhos. Ali há um Poço Redondo de ontem, há um sertão de ontem, há um Nordeste de ontem. Mas também de hoje. E dizer que isso não é importante é o mesmo que renegar, por exemplo, o próprio sobrenome. Neste estão as raízes. Daí que ninguém possa se dizer tão jovem e tão moderno que não traga sobre si toda uma linhagem do passado. Mas me interessa mesmo o olhar pela janela do ontem. Como dito, procuro ser além da memória para ser a história presente, sentida, avistada, tocada. Por não ser egoísta, jamais quis olhar sozinho por essa janela. E o Memorial possui portas com mil janelas. Esforço-me para que seja assim. Mesmo na luta solitária, na falta de apoio, até na incompreensão, eu continuo - e continuarei - colocando à disposição de todos essas portas e essas janelas. Pela falta de apoio/ajuda/colaboração, até que eu poderia desistir de tudo, fechar as portas, e seguir meus outros ofícios na vida, mas não. Sou advogado, jornalista, historiador, pesquisador, escritor. Contudo, nada como ser sertanejo e ter criado todo um sertão num só espaço e com portas e mil janelas abertas ao conhecimento do que fomos e do que somos. Ali, no Memorial, a razão maior de toda luta que eu possa e tenha que lutar.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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