*Rangel Alves da Costa
Sou pessoa de muitas vidas. Sou do passado,
do presente e do futuro, com fé em Deus. Alimento dentro de mim todas essas
vidas, e que não são somente as minhas. Sinto prazer de buscar e rebuscar na
história aquilo que jamais pode ser esquecido. O que passou não passou
totalmente, é o que penso. Livros e professores ensinam história pela narração
dos fatos, e eu pela vivência dos fatos. Quem chega ao Memorial Alcino Alves
Costa encontra essa vivência passada e até revive os antigos testemunhos. Ali
há um Poço Redondo de ontem, há um sertão de ontem, há um Nordeste de ontem.
Mas também de hoje. E dizer que isso não é importante é o mesmo que renegar,
por exemplo, o próprio sobrenome. Neste estão as raízes. Daí que ninguém possa
se dizer tão jovem e tão moderno que não traga sobre si toda uma linhagem do
passado. Mas me interessa mesmo o olhar pela janela do ontem. Como dito,
procuro ser além da memória para ser a história presente, sentida, avistada,
tocada. Por não ser egoísta, jamais quis olhar sozinho por essa janela. E o
Memorial possui portas com mil janelas. Esforço-me para que seja assim. Mesmo
na luta solitária, na falta de apoio, até na incompreensão, eu continuo - e
continuarei - colocando à disposição de todos essas portas e essas janelas.
Pela falta de apoio/ajuda/colaboração, até que eu poderia desistir de tudo,
fechar as portas, e seguir meus outros ofícios na vida, mas não. Sou advogado,
jornalista, historiador, pesquisador, escritor. Contudo, nada como ser
sertanejo e ter criado todo um sertão num só espaço e com portas e mil janelas
abertas ao conhecimento do que fomos e do que somos. Ali, no Memorial, a razão
maior de toda luta que eu possa e tenha que lutar.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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