No dia que voltei
Lembro-me bem
no dia que voltei
encontrei a porta fechada
a janela entreaberta
folhas secas ao redor
e um cheiro de solidão
saindo de dentro
e não mais duvidei
que a casa abandonada
me esperava entrar
encontrei a fotografia
retratos antigos na parede
falei com minha mãe
conversei com meu pai
espanei a poeira dos olhos
e avistei toda minha família
e seus alforjes de partida
e seus lenços de adeus
para nunca mais voltar
e depois sentei na cadeira
na velha cadeira de balanço
para esperar o tempo passar
e esperar a morte chegar
ou a vida entrar pela porta
chovendo muito lá fora
gotejando por cima de mim
e dos meus olhos escorrendo
um mar sem destino certo.
Rangel Alves da Costa
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