Um carinho, um dengo...
Nunca mais entardecer
nunca mais rede na varanda
nunca mais enganar o sono
nunca mais nós dois juntinhos
nunca mais um carinho
nunca mais um cafuné
nunca mais um dengo...
tardes de pássaros e borboletas
brisa perfumada chegando
vento soprando a velha canção
o relógio largado num canto
as roupas jogadas ao chão
e a rede balançando em onda
e um carinho, um dengo...
beijei a tarde e morri depois
saudade mata mais que ausência
balançar sozinho é mar sem caminho
e não sei navegar nesse descaminho
sem você aqui no nosso entardecer
trazendo na boca o beijo de mel
e no olhar o azul do voo e do amor
e na pele o desejo pulsando
para receber carinho e dengo.
Rangel Alves da Costa
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