Rangel Alves da Costa*
Num Brasil onde política virou sinônimo de
esperteza e político de corrupção, chega a causar muita estranheza que a
peneira deixe cair um grão de honestidade. Logicamente que retidão apenas no
sentido figurativo diante das mazelas palacianas e eletivas e dos verdadeiros
monturos que cotidianamente são empurrados para debaixo dos tapetes. Ou
deixados por cima mesmo, às escancaras da impunidade.
Assim, apresentar virtudes positivas e ser
reconhecido como honesto, ou ao menos não ter um histórico de improbidades e
lamaçais, pode ser até perigoso demais para o candidato. Quem já se viu um
político honesto, honrado, correto, virtuoso, certamente seria a indagação a
espantar o povo, os adversários e marketeiros das campanhas, todos acostumados
com os lodaçais na política e nos políticos. E assim porque se generalizou, e
não por acaso, a sinistra cultura da percepção da desonestidade nos
parlamentares, governantes e seus afluentes. E fato que não pode ser sempre
negado.
E não ter se deixado corromper enquanto
senadora e ministra, política e líder partidária, e continuar com o seu nome
fora dos “serviços de restrição de crédito do povo”, faz com que Marina Silva
passasse a correr grande perigo. E haveria de se indagar por que não se
preocuparam tanto em desonrá-la na eleição passada. Ora, simplesmente porque
não representava ameaça mais contundente à vitória petista. E basta esse fato
para comprovar que o inimigo é criado segundo as circunstâncias, perante o grau
de ameaça que apresente na ocasião.
Mas agora a situação é bastante diferente.
Ela se tornou perigosa demais aos planos de continuidade, se tornou ameaça
àqueles que se acham donos do país e do povo. Por isso mesmo que será preciso
destruí-la. E por diversos motivos. Em primeiro lugar, o próprio meio político
não consegue admitir que uma pessoa honesta seja candidata e com chances reais
de sair vitoriosa. Em segundo lugar, e onde corre o verdadeiro perigo, é que a
oposição agoniza, terrivelmente sofre, pelo simples fato de que não pode
espalhar que Marina aprendeu com eles a ser corrupta, suja, desonesta.
A ascensão de Marina e a certeza de que irá
para o segundo turno, e principalmente pelo fato de que as pesquisas indicam
sua vitória, tudo isso está causando um verdadeiro terror nos adversários. E
por isso mesmo já disseram de sua inexperiência, de suas contradições, da falta
de coerência política, das propostas ilusórias, enfim, tudo o que puderam fazer
para negar sua capacidade governamental e destruir sua candidatura. Mas como
viram que tais estratégias não surtiram efeito, então agora buscam a todo custo
macular a imagem da mulher e de sua história.
A verdade é que a oposição, os petismos da
vida e os demais adversários estão em tempo de enlouquecer, completamente
ensandecidos. É como se de repente uma Osmarina qualquer, de feição frágil e
palavra comedida, surgisse do nada para desafiar o grande dragão da maldade. E
os guardiões da fera dizem que não, que isso não pode acontecer de jeito nenhum,
que é preciso destruí-la antes que sua simplicidade coloque de joelhos seu
poderoso dragão. E então se armam das maldades do mundo para, através da
sordidez, ferir a mulher, sua honra e sua luta.
Contudo, no afã de encontrar provas de
envolvimento de Marina com algum escândalo ou má conduta, se vêem num
verdadeiro dilema. Olham para seus próprios umbigos, para suas siglas
partidárias, para os seus correligionários e encontram maracutaias de sobra,
mas escavoucam como podem a vida da candidata e não conseguem encontrar
absolutamente nada que valha a pena ao menos insinuar. Isso causa uma sensação
terrível na oposição, e logo ela tão acostumada com o imprestável, com as
negociatas, com as sombras e os escondidos.
Em entrevista publicada em 06/09/2014 pelo G1,
confirma-se o papel maquiavélico da oposição para barrar a ferro e fogo sua
aceitação popular. Marina Silva diz que sua vida está sendo ininterruptamente vasculhada
quase que por CPIs paralelas. Afirma que rivais estão quase em desespero, bem
como reclama de factóides criados pela campanha de Dilma. Diz ainda que está
sofrendo perseguição em todos os níveis e que no momento estão vasculhando a
sua vida em todos os lugares, mas que tem a sua consciência limpa e tranquila
com relação à sua honestidade. Afirma também que os adversários, por serem tão
grandes e poderosos, conseguem ocupar
todos os espaços para dizer inverdades a seu respeito.
Eis a situação. A máxima demonstração de que
não há limites para os que precisam manter ou conquistar o poder a qualquer
custo. Mas há um alento. Mesmo que na política nem sempre vence o melhor, o mal
nunca sobrepujou o bem quando a bandeira de fé está nas mãos do povo. É este
que crê e confia em Marina. E os outros, os outros ficarão pela estrada e, à
moda de cobra ruim, raivosamente se contorcendo para morder o próprio rabo.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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