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domingo, 7 de setembro de 2014

MARINA SILVA E O PERIGO DA HONESTIDADE NA POLÍTICA


Rangel Alves da Costa*


Num Brasil onde política virou sinônimo de esperteza e político de corrupção, chega a causar muita estranheza que a peneira deixe cair um grão de honestidade. Logicamente que retidão apenas no sentido figurativo diante das mazelas palacianas e eletivas e dos verdadeiros monturos que cotidianamente são empurrados para debaixo dos tapetes. Ou deixados por cima mesmo, às escancaras da impunidade.
Assim, apresentar virtudes positivas e ser reconhecido como honesto, ou ao menos não ter um histórico de improbidades e lamaçais, pode ser até perigoso demais para o candidato. Quem já se viu um político honesto, honrado, correto, virtuoso, certamente seria a indagação a espantar o povo, os adversários e marketeiros das campanhas, todos acostumados com os lodaçais na política e nos políticos. E assim porque se generalizou, e não por acaso, a sinistra cultura da percepção da desonestidade nos parlamentares, governantes e seus afluentes. E fato que não pode ser sempre negado.
E não ter se deixado corromper enquanto senadora e ministra, política e líder partidária, e continuar com o seu nome fora dos “serviços de restrição de crédito do povo”, faz com que Marina Silva passasse a correr grande perigo. E haveria de se indagar por que não se preocuparam tanto em desonrá-la na eleição passada. Ora, simplesmente porque não representava ameaça mais contundente à vitória petista. E basta esse fato para comprovar que o inimigo é criado segundo as circunstâncias, perante o grau de ameaça que apresente na ocasião.
Mas agora a situação é bastante diferente. Ela se tornou perigosa demais aos planos de continuidade, se tornou ameaça àqueles que se acham donos do país e do povo. Por isso mesmo que será preciso destruí-la. E por diversos motivos. Em primeiro lugar, o próprio meio político não consegue admitir que uma pessoa honesta seja candidata e com chances reais de sair vitoriosa. Em segundo lugar, e onde corre o verdadeiro perigo, é que a oposição agoniza, terrivelmente sofre, pelo simples fato de que não pode espalhar que Marina aprendeu com eles a ser corrupta, suja, desonesta.
A ascensão de Marina e a certeza de que irá para o segundo turno, e principalmente pelo fato de que as pesquisas indicam sua vitória, tudo isso está causando um verdadeiro terror nos adversários. E por isso mesmo já disseram de sua inexperiência, de suas contradições, da falta de coerência política, das propostas ilusórias, enfim, tudo o que puderam fazer para negar sua capacidade governamental e destruir sua candidatura. Mas como viram que tais estratégias não surtiram efeito, então agora buscam a todo custo macular a imagem da mulher e de sua história.
A verdade é que a oposição, os petismos da vida e os demais adversários estão em tempo de enlouquecer, completamente ensandecidos. É como se de repente uma Osmarina qualquer, de feição frágil e palavra comedida, surgisse do nada para desafiar o grande dragão da maldade. E os guardiões da fera dizem que não, que isso não pode acontecer de jeito nenhum, que é preciso destruí-la antes que sua simplicidade coloque de joelhos seu poderoso dragão. E então se armam das maldades do mundo para, através da sordidez, ferir a mulher, sua honra e sua luta.  
Contudo, no afã de encontrar provas de envolvimento de Marina com algum escândalo ou má conduta, se vêem num verdadeiro dilema. Olham para seus próprios umbigos, para suas siglas partidárias, para os seus correligionários e encontram maracutaias de sobra, mas escavoucam como podem a vida da candidata e não conseguem encontrar absolutamente nada que valha a pena ao menos insinuar. Isso causa uma sensação terrível na oposição, e logo ela tão acostumada com o imprestável, com as negociatas, com as sombras e os escondidos.
Em entrevista publicada em 06/09/2014 pelo G1, confirma-se o papel maquiavélico da oposição para barrar a ferro e fogo sua aceitação popular. Marina Silva diz que sua vida está sendo ininterruptamente vasculhada quase que por CPIs paralelas. Afirma que rivais estão quase em desespero, bem como reclama de factóides criados pela campanha de Dilma. Diz ainda que está sofrendo perseguição em todos os níveis e que no momento estão vasculhando a sua vida em todos os lugares, mas que tem a sua consciência limpa e tranquila com relação à sua honestidade. Afirma também que os adversários, por serem tão grandes e poderosos,  conseguem ocupar todos os espaços para dizer inverdades a seu respeito.
Eis a situação. A máxima demonstração de que não há limites para os que precisam manter ou conquistar o poder a qualquer custo. Mas há um alento. Mesmo que na política nem sempre vence o melhor, o mal nunca sobrepujou o bem quando a bandeira de fé está nas mãos do povo. É este que crê e confia em Marina. E os outros, os outros ficarão pela estrada e, à moda de cobra ruim, raivosamente se contorcendo para morder o próprio rabo.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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