Rangel Alves da Costa*
Hoje Alcino Alves Costa estaria completando
75 anos de idade. Mesmo já tendo sido chamado ao convívio de Deus, PARABÉNS
ALCINO!
Nascido em 17 de junho de 1940 e com
despedida em 1º de novembro de 2012, aos 72 anos, o filho de Dona Emeliana e
Seu Ermerindo, esposo de Dona Peta e pai de tantos filhos, deixou não só uma
geração de netos, parentes e amigos, mas igualmente sementes cujos frutos serão
colhidos pela eternidade.
Alcino, o menino que só quis ter pouco estudo
escolar, acabou sendo catedrático em várias feições da vida. Foi poderosa
liderança política na região sertaneja de Sergipe, prefeito por três gestões no
seu amado Poço Redondo, pesquisador nato, estudioso dos fenômenos sociais
nordestinos, desbravador maior das coisas do cangaço, poeta, compositor,
radialista, escritor, palestrante, guardião e voz da cultura de sua região,
apaixonado e difusor da autêntica música caipira, autor dos livros Lampião Além
da Versão – Mentiras e Mistérios de Angico; O Sertão de Lampião; Lampião em
Sergipe; Preces ao Velho Chico; Sertão, Viola e Amor; Saudação a Paulo Gastão; Poço
Redondo – A Saga de um Povo; Canindé de São Francisco – Seu Povo e Suas
Histórias; e Maria do Sertão. Tendo deixado pronto para publicação outros
livros, tais como Lendas e Causos do Sertão; João dos Santos – O Caçador da
Curituba; Canoas – O Caminho pelas Águas; Vaqueiro, Cavalo e Boi; A Tragédia de
Santa Rosa do Ermírio; e Célebres Histórias Sertanejas, dentre outros. Na seara
musical, é de sua autoria canções sertanejas como Sertão, Viola e Amor, Seca
Desalmada, Garça Branca da Serra, Sertanejo de Valor, Morrendo de Amor, Velho
Chico, Desencantos da Natureza, Nuvens Brancas do Sertão, em meio a tantas
outras. Teve suas composições gravadas por Clemilda, Dino Franco e Mouraí, Dino
Franco e Fandangueiro, Ozano e Ozanito, Adalto e Adailto, além de outros
artistas, sem esquecer as gravações caseiras feitas por Julião e Babá.
Imensa e reconhecida sua importância na
história sertaneja, sua luta incansável para a compreensão e transmissão da
formação de seu povo, as lutas sociais que conflagraram a região, os aspectos
culturais e as tradições tão próprias da vida matuta. A verdade é que Alcino
desencavou os esquecidos da história e a tudo transformou em viva memória.
Mesmo estando agora na esfera celestial, a
vida terrena ainda sente a sua inafastável presença. Alcino dobrando a esquina
de havaiana nos pés; Alcino sentado no banco da praça observando o mundo ao
redor e desejoso de um bom proseado; Alcino nas tardes sertanejas fazendo ecoar
canções cheirando a povo e a terra pela Rádio Xingó; Alcino iniciando seu
“Sertão, Viola e Amor” falando em Zé Maria, em Erivan Mandú, nos velhos e bons
amigos, tudo no ponteado da viola caipira. Alcino abraçado a Tonico e Tinoco
enquanto escrevia mais uma página da saga cabocla.
Alcino Alves Costa é digno de receber
parabéns – e mesmo ser festejado como se vivo estivesse – simplesmente porque
ainda presente na vida de Poço Redondo, do Nordeste, do Brasil. Novos livros
surgem a ele dedicados, eventos são realizados em sua homenagem, o Cariri
Cangaço 2015 (Piranhas/Poço Redondo) terá mesa especial sobre o seu legado
cultural. O Memorial Alcino Alves Costa (em Poço Redondo) será definitivamente
inaugurado no dia 26 de julho com grandiosa festividade.
Quem desejar conhecer mais de Alcino que
pergunte a Célia, a Tânia Maria, a Padre Mário, a Sônia, a Poço Redondo, ao
sertão. Pergunte a quem com ele conviveu e conheceu de perto o seu mundo.
Pergunte a Juliana, a Paulo Gastão, a Ivanildo Silveira, a Severo, a Aderbal, a
Ângelo, a Hildegard, a Aninha, a João de Souza Lima, a Jairo, a Archimedes
Marques. E muitos outros grandes amigos que ainda hoje, quase três anos após
sua partida, continuam reverenciando nos seus corações o eterno “Caipira de
Poço Redondo”.
Parabéns, meu pai. Carrego no peito, na vida,
na alma, um imenso e indescritível orgulho de ser seu filho.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
Um comentário:
É verdade caro Escritor Rangel Alves Costa, o homem que deixou saudades, mas também um imenso legado, completaria a soma de meio século e mais um quarto de século. E, o mestre Alcino é na realidade, tudo que você registrou neste texto a ele homenageando. Em termos de cultura, o Alcino foi tudo e, creio que sua querida Poço Redondo tem a obrigação de assim reconhecê-lo.
Abraços companheiro Rangel,
Antonio Oliveira - Serrinha
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