Fogueira
Luzes de natal e copos vazios
vinho derramado na roupa antiga
sem melodia ou alegria na noite
apenas a solidão na janela aberta
e a memória viva tomada de chamas
a saudade em brasa a tudo consumir
coração ardente queimando voraz
e a ventania alimentando o fogo
da saudade e do desejo cortante
de ter sua face para a última palavra
e dizer num grito o que fere o silêncio
e dizer que amo como nunca amei
e repetir que amo como nunca me dei
eis ainda a fogueira impiedosa e cruel
um tempo de doçura transformado em fel
uma porta aberta e um olhar sobre ela
e o vento trazendo a solidão na janela
e até que as cinzas sem dispersem no ar
estarei sofrendo até seu amor retornar.
Rangel Alves da Costa
Nenhum comentário:
Postar um comentário