*Rangel Alves da Costa
Depois de tudo, depois de ter feito o que foi
possível fazer, ainda assim sair da relação amorosa como um verme asqueroso, um
vagabundo safado, um verdadeiro imprestável. Ela pediu uma flor e ele correu
mundos atrás de um buquê. Ela pediu um doce e ele entristeceu porque não pôde
oferecer a doceria inteira. Ela queria uma fruta e ele se embrenhou pelo
mercado levando um cesto às costas. Ela pediu um biscoito e ele quase compra a
prateleira inteira. Ela pediu um algodão doce e ele chegou a perguntar ao moço quanto
era o carrinho e como fazia aquele algodão. Ela pediu jaca e ele logo trouxe as
maiores que pôde encontrar. Ela pediu um anel de compromisso e ele mandou que
escolhesse o que desejasse. Ela pediu um picolé e ele quase levou a sorveteria.
Ela pediu uma joia e ele comprou para os dedos, para as orelhas, para os braços
e até para os cabelos. Ela pediu o mundo e ele prometeu para breve. Ela pedia e
pedia e ele dava e dava. Mas quando ele pediu apenas que ela nada lhe
escondesse, ela simplesmente abriu a porta e disse que a estrada era dos
vagabundos, vira-latas e imprestáveis. Ou melhor, nem abriu a porta a porta.
Mandou-o embora pelo whatsapp.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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