*Rangel Alves da Costa
O choro é um ato normal como consequência de
uma perda, de uma dor, de um momento de tristeza, de uma saudade. A lágrima cai
exatamente para extravasar o sentimento interior. A junção das dores
interiores, íntimas, surgidas por dentro, acaba transbordando nos olhos e
depois vai escorrendo pela face. Uma face tomada de lágrimas, um rosto
atormentado e transbordado em prantos, é situação realmente entristecedora.
Contudo, há choro sem lágrima, há pranto sem ser molhado, que devasta muito
mais que aquele visivelmente lacrimejado. E não há nada mais destrutivo,
devastador, verdadeiramente aniquilador, que o choro sem lágrima. Este choro
sem lágrima, apenas sentido e chorado por dentro, afeiçoa-se a um turbilhão de
força indescritível. Olhar a pessoa, sentir a sua face, avistar o seu olhar, e
em tudo pressupor uma normalidade, certamente distancia-se muito do que acontece
por dentro daquela mesma pessoa. Por dentro, abarcando o corpo e a alma, a
fúria de mil vendavais, de mil tempestades, de mil ventanias. Há um punhal
afiado dilacerando tudo, há uma brasa viva chamejando nos sentidos, há um
abismo terrível e que se abre chamando. Só mesmo quem já chorou essa lágrima
interior sabe a dor terrível sentida. As lágrimas que escorrem se vão nos
lenços e nos enxugamentos, mas as lágrimas interiores vão formando um imenso
mar de aflição e de dor. E o medo maior é que, sem transbordar, inundem a
própria vida.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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