SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



quinta-feira, 15 de março de 2018

Palavra Solta - pelos sertões que ele tanto amou



*Rangel Alves da Costa


Minha história é feita de história, é cheia de história, é vivida e vivenciada na história. Sigo os passos de meu pai Alcino como se ele ainda estivesse adiante a me chamar. É pelos sertões que ele tanto amou que também caminho com amor maior. Não fico com raiva acaso me chamem de matuto, de caipira, de sertanejo. Sou isso tudo com muito orgulho e prazer. Não há caneta dourada nem folha timbrada de papel que seja mais bonita que a simplicidade da terra, do homem e sua história. Sou assim desse mundo, de um mundo tão sertão, tão cangaceiro e missionário, tão saga e tão vindita, que pareço fincado no chão e não na feiura do cimento e ferro. Eis-me, aí, numa casinha, à porta de uma casinha tão carcomida de tempo. Eis-me, aí, de rosto envernizado pelo sol escaldante nos rincões dos nazarenos, nas distâncias cimentadas pelos passos de volantes e cangaceiros. Na moldura do tempo, os restos que significam mais, muito mais, que qualquer pujante arquitetura que nada consegue dizer. Digo-lhes, pois, que nesta murcha flor sertaneja é que está o mais belo jardim: o jardim da história mais rica que possa existir. E não há florada que me encha de contentamento maior.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

Nenhum comentário: