*Rangel Alves da Costa
Há um mistério. Dependendo do instante que
caiam, as chuvas provocam verdadeiros aborrecimentos. Pelo dia, muitas pessoas temem
o tempo nublado e se irritam quando os pingos d’água começam a cair.
Transtornos e mais transtornos, dizem. Mas assim não ocorre em outros momentos,
principalmente depois do anoitecer. Pessoas existem que têm as chuvas noturnas
como verdadeiras bênçãos. Já outras, ainda que tanto gostem, simplesmente se
reconhecem mais fragilizadas perante os sons e as águas correndo e escorrendo
lá fora. Dizem-se mais entristecidas, mais nostálgicas, mais saudosas e até
mais chorosas. Contudo, nada igual a deitar ouvindo o barulho melódico da
chuva. Uma sensação de paz, de tranquilidade, de reencontro pessoal. Pessoalmente
eu gosto de chuva a todo instante, e não por ser sertanejo, mas pela inspiração
que ela me provoca, ainda que de forma melancólica. Também nada igual a acordar
com a chuva caindo, avistar o quintal encharcado, enxergar a rua toda banhada,
defrontar o mundo com outras cores e sensações. Ficar rente ao portão, sentir
os pingos tocando levemente a pele e viajar no pensamento, na memória,
rebuscando pessoas e situações da vida. Então que venha a chuva, pois preciso
molhar meus olhos de saudade.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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