SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sexta-feira, 2 de março de 2018

Palavra Solta – noites e manhãs chuvosas



*Rangel Alves da Costa


Há um mistério. Dependendo do instante que caiam, as chuvas provocam verdadeiros aborrecimentos. Pelo dia, muitas pessoas temem o tempo nublado e se irritam quando os pingos d’água começam a cair. Transtornos e mais transtornos, dizem. Mas assim não ocorre em outros momentos, principalmente depois do anoitecer. Pessoas existem que têm as chuvas noturnas como verdadeiras bênçãos. Já outras, ainda que tanto gostem, simplesmente se reconhecem mais fragilizadas perante os sons e as águas correndo e escorrendo lá fora. Dizem-se mais entristecidas, mais nostálgicas, mais saudosas e até mais chorosas. Contudo, nada igual a deitar ouvindo o barulho melódico da chuva. Uma sensação de paz, de tranquilidade, de reencontro pessoal. Pessoalmente eu gosto de chuva a todo instante, e não por ser sertanejo, mas pela inspiração que ela me provoca, ainda que de forma melancólica. Também nada igual a acordar com a chuva caindo, avistar o quintal encharcado, enxergar a rua toda banhada, defrontar o mundo com outras cores e sensações. Ficar rente ao portão, sentir os pingos tocando levemente a pele e viajar no pensamento, na memória, rebuscando pessoas e situações da vida. Então que venha a chuva, pois preciso molhar meus olhos de saudade.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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