*Rangel Alves da Costa
Dê-me um presente, lembre-se de mim, chegue à
minha porta e me entregue aquilo que tanto desejo ter. Mas espere aí, não pense
que quero receber o luxo, o dourado, o caro, o brilhoso, a grife. Nada disso.
Também não me chegue com anel, com gravata, com roupa bonita, com bebida
importada, com vaidades embrulhadas em papel dourado e laço de fita. nada disso
eu quero. Mas lembre-se de mim. Lembre-se e me traga uma cuia de araçá, um
punhado de umbu, uma porção de mangas, goiabas, pinhas. Que tal um pouquinho de
doce, um pedaço de cocada, um pouco de arroz, de canjica ou de mugunzá. Também
gosto de bolo de milho, de macaxeira, de leite, de puba. Quero uma concha de
mar, uma moringa com água boa, um poema escrito em folha seca. Quero um retrato
em preto e branco, uma cartinha chegada pelo correio, uma velha música em
vitrola antiga. Quero um dengo, quero um cafuné, quero a doce delícia do afeto
e o prazer do amor singelo. Quero uma palavra. E se possível uma palavra que
silenciosa diga o meu nome, e me peça e me chame. E me ame.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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