SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



segunda-feira, 12 de março de 2018

Palavra Solta – uma pequena história



*Rangel Alves da Costa


Então você me chega e me diz adeus. E espantado não sei o que dizer. Então você silencia e depois vai embora. E espantado fico sem ter reação. Então você caminha sem olhar pra trás, sem um último aceno, sem um último adeus. E espantado apenas vejo você sumir ao longe pelas curvas da estrada. Então você apaga o livro escrito sobre nossa vida, desfaz o laço em nós entrelaçado, joga ao chão o cálice de nossa união. E espantado fico meditando sem nada entender. Então você some de minha vida como se jamais existisse, como uma estranha ou desconhecida de muito além. E espantado me pergunto por que agiu assim. Então você só resta na saudade e no que existiu em mim. E espantado me pergunto onde eu tanto errei para tudo ser assim. Então você um dia aparece, um dia vem perguntar como estou. E ainda espantado não sei o que responder. Então você me pede perdão e diz que quer ficar. Espantado ouço sem nada responder. Então você me abraça e me beija, e então você chora no peito e promete jamais dizer outro adeus. Espantado apenas sinto a presença, mas sem nada dizer. Então você me pergunta se a aceito de volta. Digo quer sim. Digo que não. Ainda espantado não sei o que dizer. Então você me segreda um sussurro ao ouvido. Mais espantado ainda pergunto: um filho? E acaricio sua barriga espantado e feliz.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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