*Rangel Alves da Costa
O dia tem o seu passo, e que pressa, que
agonia. Uma manhã bonita, um alvorecer reluzente, cantigas e alvoradas. Janelas
e portas abertas para a vida. Comadres varrem as calçadas, os cafés e os
cuscuzes espalham perfumes pelo ar. Um menino passa com uma gaiola, alguém vai
trotando num cavalo. O leiteiro já passou, as ruas chamam ao dia. O tempo
esquenta, pois o sol já vai descendo em mil fornalhas. Começam os trabalhos do
dia, os ofícios e os afazeres. Suores, aperreios, correrias. Mas tudo há de ser
assim para a sobrevivência. Troca-se, compra-se, embrulha-se, segue adiante.
Come o que houver no prato, mas sequer há tempo de descansar. Um cochilo faria
bem, mas não há tempo de repousar. A lida chama, muito ainda há a fazer. Não
pode parar. O olhar cansado de repente encontra um entardecer avermelhado,
poético. Tudo ou quase tudo, já foi feito, mas ainda há muito a fazer no
restante do dia. A noite vai chegando, chama ao café. A lua lá em cima é
imensa, bonita, convidativa à reflexão. Pensa como é bom viver, mas também no
sacrifício de cada passo. Já está cansado demais. Vai dormir. E talvez sonhar.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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