*Rangel Alves da Costa
Ei você, se avexe não minha fia, se aperreie
não meu fio. Escreva de qualquer jeito, escreva como souber e até sem saber,
mas escreva. Escreva “voçê”, escreva “vosse”, escreva “mim” ao invés de “me”, escreva
“nóis foi”, escreva “a gente fomos”, escreva engolindo o “r”, colocando acento
onde não tem, mas escreva. Besteira lhe criticar, dizendo que escreve errado,
dizendo isso ou aquilo. Se você escreve e eu entendo, então sua mensagem está
perfeita. Se você escreveu de forma errada aquilo que estaria certo na voz,
então pode continuar escrevendo assim mesmo. Diga que polícia é “poliça”,
“puliça” ou de outro jeito, diga que a professora é “perfessora”, que está com
dor de “estambo”, que está com “sordade de arguém”, que sua amiga é só
“farsidade”. E seja mais nordestino, mais sertaneja. Extravase no “vôte”, no
“vixe”, no “vije”, no “apois”, “no vosmicê”, no “inté”, no que vier no poder da
expressão. E não se importe se “argum fi de uma égua” ou uma “cabruquenta
quarqué” disser que escreve ou fala errado. Mande tudo ir pra baixa da égua!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário