SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

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quinta-feira, 22 de março de 2018

Palavra Solta - minhas desbotadas cores



*Rangel Alves da Costa


Era um céu azul. Era um sol brilhoso. Era uma lua dourada. Era uma janela aberta para um horizonte de mil matizes. Era uma porta escancarada para todas as cores e nuances do dia. Era um arco-íris. Era um florido de pavão. Era uma tela de artista novato e toda rabiscada de mundo. Era um Van Gogh. Era um Matisse. Era um Rembrandt. Era Volpi. Era um Cícero Dias, Era um Portinari. Era um Di Cavalcanti. Era o amanhecer, o clarão do dia, o entardecer e o anoitecer. Era a cor do sonho, era a cor da esperança, era cor do encantamento como tudo aquilo que meu olhar avistava. Era a primavera e suas cores e suas flores. Era um pomar e seus frutos e seus sabores. Era um buquê de rosas matinais. Era o vermelho. Era o amarelo. Era o azul. Eu era todas as cores. Mas o que aconteceu comigo para que minhas cores ficassem tão desbotadas, assim tão sem vida, assim tão entristecidas? Dias de angústias, instantes de aflição, momentos de saudade, permanentes dores e sofrimentos. E um outono que chega e me desfolha inteiro. E um outono que chega e me desfaz inteiro. E um outono que chega e me deixa assim: sem cor. E o que me resta é levado no vento, no tempo, na ventania. E o que me resta é avistar a vida assim sob o véu da noite do cego.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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