*Rangel Alves da Costa
Era um céu azul. Era um sol brilhoso. Era uma
lua dourada. Era uma janela aberta para um horizonte de mil matizes. Era uma
porta escancarada para todas as cores e nuances do dia. Era um arco-íris. Era
um florido de pavão. Era uma tela de artista novato e toda rabiscada de mundo.
Era um Van Gogh. Era um Matisse. Era um Rembrandt. Era Volpi. Era um Cícero
Dias, Era um Portinari. Era um Di Cavalcanti. Era o amanhecer, o clarão do dia,
o entardecer e o anoitecer. Era a cor do sonho, era a cor da esperança, era cor
do encantamento como tudo aquilo que meu olhar avistava. Era a primavera e suas
cores e suas flores. Era um pomar e seus frutos e seus sabores. Era um buquê de
rosas matinais. Era o vermelho. Era o amarelo. Era o azul. Eu era todas as
cores. Mas o que aconteceu comigo para que minhas cores ficassem tão
desbotadas, assim tão sem vida, assim tão entristecidas? Dias de angústias,
instantes de aflição, momentos de saudade, permanentes dores e sofrimentos. E
um outono que chega e me desfolha inteiro. E um outono que chega e me desfaz
inteiro. E um outono que chega e me deixa assim: sem cor. E o que me resta é
levado no vento, no tempo, na ventania. E o que me resta é avistar a vida assim
sob o véu da noite do cego.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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