*Rangel Alves da Costa
De início, uma indagação: o que
caracterizaria um índio? Daí outros questionamentos. Seria sua identidade
indígena, sua raiz familiar, sua cultura? Seria sua concepção de nativo, de
primeiro habitante avistado na terra então descoberta, de isolamento grupal?
Comumente se diz que o índio possui como característica principal sua
identidade indígena. Mas qual seria esta? Ora, índios existem que não podem ser
reconhecidos como índios de jeito nenhum. Logicamente que os progressos da
humanidade, os avanços dos forasteiros sobre suas terras e modos de vida, a
aculturação imposta e demais avanços, descaracterizam muito a noção básica
sobre povos indígenas. Atualmente, apenas umas poucas tribos continuam
isoladas, mas não por muito tempo. Mas desde muito que as tribos alcançadas
pelo homem branco se tornaram em comunidades quase comuns, até mesmo com a
perda dos rituais e costumes seculares. Não creio que deva continuar sendo
creditado como índio aquele que de nativo só possui raiz tribal, mas no demais
se transformou num branco qualquer. Será que o índio deve chegar ao patamar das
riquezas e dos modismos do mundo afora? O capitalismo avançou de forma tamanha
que alguns índios tornaram-se mercantilistas de seus próprios bens culturais e
principalmente das riquezas de suas terras. Possuem aviões particulares, só
usam importados, possuem avantajadas contas bancárias, vivem no mundo dos altos
negócios. São identificados como índios apenas pelas suas origens. Estes
continuam na autenticidade indígena? Creio que não. Utilizam-se apenas de suas
raízes tribais para a obtenção de lucros – até mesmo escusos – em meio ao mundo
dos brancos. Na minha concepção, nem como índios deveriam ser reconhecidos.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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