*Rangel Alves da Costa
Julinho do Cassimicoco. De Julinho quase
ninguém se recorda, do cassimicoco também não. E mais: ninguém sequer sabe mais
o que seja cassimicoco. Mas vou primeiro dizer quem foi Julinho. Este era um
sertanejo miudinho, franzino mesmo, de chapéu na cabeça, de roupa de estrada e
mala à mão, um andante. Ou melhor, um andarilho, pois sempre percorrendo os
sertões levando na mala de couro surrada de tempo o seu instrumento de trabalho
e o seu viver. Sim, ali na mala de Julinho a sua vida, a sua arte, o seu
encantamento. Nas cidadezinhas aonde chegava, bastava abrir sua mala, estender
um pano, colocar bonecos entre as mãos e dar início ao grande espetáculo, o
teatro de bonecos. A história da donzela que desafiou o amor do rei, a história
do príncipe que lutou e venceu o língua de fogo, a história do cavaleiro
guerreando os dragões em nome de sua amada. E histórias e mais histórias. Assim
era o cassimicoco de Julinho, pois cassimicoco é um teatro de bonecos, onde o
manipulador ou manipuladores vão dando vidas e vozes aos personagens do enredo
e da narrativa.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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